Delma Freire é apontada como mentora do assassinato da ex-nora, a turista alemã Jennifer Kloker. Foto: JC Imagem/Arquivo
Quase cinco anos após o julgamento em 1ª instância, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) modificou as penas de quatro pessoas condenadas pelo
assassinato da turista alemã Jennifer Marion Kloker, de 22 anos. Em decisão unânime, os desembargadores da Terceira Câmara Criminal acataram recurso da defesa, fizeram novos cálculos e reduziram as penas dos acusados. O crime, planejado e executado por familiares da vítima, ocorreu às margens da BR-408, em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife, em fevereiro de 2010.
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Ronda JC teve acesso em primeira mão a detalhes da decisão do TJPE. A sogra de Jennifer, Delma Freire de Medeiros, acusada de ser a autora intelectual do homicídio, havia sido condenada a 30 anos de prisão e dois anos de detenção pelos crimes de homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e sem chance de defesa da vítima), formação de quadrilha e fraude processual. O júri popular ocorreu em dezembro de 2012. Com a nova decisão do TJPE, a pena será de 26 anos e seis meses de prisão, além de um ano de detenção.
O viúvo da turista alemã, Pablo Richardson Tonelli, havia sido condenado a 25 anos e seis meses de reclusão por formação de quadrilha e homicídio duplamente qualificado. Na nova pena, ele terá que cumprir 22 anos e seis meses de prisão.
Dinarte Dantas de Medeiros, irmão de Delma e apontado como a pessoa que comprou a arma e que contratou o executor do crime, havia recebido uma pena de 14 anos e 4 meses de reclusão. O tempo foi menor que o dos outros réus porque na época houve um acordo de delação premiada. Agora, com o novo cálculo, ele terá que cumprir 12 anos e oito meses de prisão. Já Alexsandro Neves dos Santos, contratado para assassinar a turista alemã, havia sido condenado a 26 anos de prisão. Desta vez, a Justiça reduziu para 23 anos.
A decisão dos desembargadores da Terceira Câmara Criminal do TJPE transitou em julgado na última quarta-feira (04).
Ferdinando Tonelli, sogro da turista alemã, condenado a 25 anos e seis meses, morreu em junho de 2015 por falência múltipla de órgãos, choque séptico, pneumonia e doença arterial obstrutiva agravada por um acidente vascular cerebral. Ele cumpria pena na Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá. Após a morte, Delma Freire e Pablo Tonelli entraram na Justiça com pedido de indenização de R$ 200 mil por danos morais e materiais alegando que Ferdinando estava sob a responsabilidade do Estado. O TJPE negou o pedido, considerado improcedente.
SEGURO DA VIDA
O Caso Jennifer, como ficou conhecida essa investigação, mais pareceu um enredo de novela porque foi cercado de reviravoltas. Segundo a versão apresentada pela família à polícia, dois homens em uma moto teriam encostado no carro onde Jennifer Kloker estava com Pablo, Ferdinando Tonelli, Delma Freire e o filho, que na época tinha apenas dois anos de idade. Os supostos ladrões, então, teriam obrigado a família a sair do veículo e a entregar todos os pertences. Um dos bandidos teria levado Jennifer no automóvel e o outro seguiu de moto. A jovem foi encontrada morta às margens da BR-408.
Menos de uma semana depois, a versão de assalto começou a ser desmontada após a divulgação dos dados fornecidos pelo GPS do carro locado pelos parentes da vítima. O sistema de localização mostrou que o carro fez trajeto diferente do informado à polícia por Pablo Tonelli. A prova foi fundamental para a polícia começar a montar o quebra-cabeça e descobrir a trama articulada por Delma, Pablo e Ferdinando para matar Jennifer Kloker no Brasil e ficar com o seguro de vida, feito na Itália, avaliado em cerca de R$ 1 milhão.
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