Quase 3 mil queixas de violência doméstica foram registradas por mulheres nas delegacias de Pernambuco, no último mês de janeiro, segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS). No total, oficialmente, houve 2.990 boletins de ocorrência. A média diária é de 97 denúncias.
O número total, em janeiro, é 24,44% menor do que no mesmo período de 2021, quando 3.957 vítimas prestaram queixas. Mas não há o que comemorar. Além do número permanecer muito alto, a queda pode ser um sinal de que as mulheres não estão conseguindo pedir ajuda.
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Importante reforçar a dificuldade que as mulheres sentem em registrar uma queixa nas unidades policiais. Apesar de o Estado contar com 11 delegacias especializadas para atendimento à mulher, apenas uma funciona 24 horas por dia. A unidade fica no bairro de Santo Amaro, na área central do Recife. Lá, nos sete dias da semana, a vítima vai encontrar atendimento.
Já nos outros municípios onde há Delegacia da Mulher - como Paulista, Caruaru, Goiana e Vitória de Santo Antão - o horário de funcionamento é restrito. Apenas de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Nos dias de feriado, as delegacias também ficam fechadas.
A Polícia Civil argumenta que as vítimas podem procurar qualquer delegacia do Estado para denunciar a violência, se não houver uma delegacia especializada próxima.
Em entrevista à coluna Ronda JC, no final do ano passado, a secretária estadual da Mulher, Ana Elisa Sobreira, fez um alerta para a importância da denúncia.
"Nos primeiros indícios, as mulheres precisam registrar o boletim de ocorrência. Infelizmente, muitas esperam o mal maior para procurar ajuda. Sabemos que a maioria das vítimas dos feminicídios nunca procurou apoio do Estado. Elas precisam entender que não estão sozinhas. E que contam com centros de referência, com apoio psicológico e jurídico."
Seis casos de feminicídio foram registrados no mês passado. Quatro a menos do que em janeiro de 2021.
COMO PEDIR AJUDA?
O número da Ouvidoria da Secretaria da Mulher é 0800-281-8187. A ligação é gratuita. Também é possível ligar para o 180. Todas as orientações necessárias, como endereços de de delegacias e casas de acolhimento, são fornecidas.
Em caso de urgência, a vítima também pode telefonar para o número 190, da Polícia Militar.