No final da década de 1990, uma onda de sequestros em Pernambuco levou medo à população e, com o governo estadual pressionado, houve a criação do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil - com a responsabilidade de comandar as investigações dessa modalidade criminosa que se espalhava pelo País.
Em 2001, John Caetano Rodrigues (Jones) e Rosemberg da Silva (Berg), dois dos mais famosos líderes de quadrilhas, foram presos. Os casos não chegaram ao fim, mas caíram drasticamente, ao ponto de a delegacia especializada ganhar outras atribuições como os inquéritos de crimes cometidos pelas policiais. Duas décadas depois, uma nova onda de sequestros volta a desafiar o GOE.
Criminalidade se combate com investigação da polícia. Mas também com informação à sociedade. Explico: após reportagem publicada nesta quarta-feira (23) no JC, uma leitora enviou e-mail relatando também ter sido vítima de sequestro-relâmpago e de ter sido abandonada em São Lourenço da Mata, assim como ocorreu com outras duas vítimas recentes.
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"Fui pega em Carpina, saindo de um consultório às 11h20 por quatro assaltantes. Levaram meu veículo, meus pertences e passaram meus cartões nas maquinetas. Depois de ver tantas matérias de casos idênticos ao meu, irei conseguir prestar depoimento (no GOE) e fazer o reconhecimento essa semana", contou.
Diferentemente do que muitas vezes afirma a assessoria de imprensa da Polícia Civil, divulgar informações sobre crimes não necessariamente atrapalha investigações. Ao contrário. Contribui para que outras vítimas se identifiquem com as histórias e criem coragem de procurar a delegacia para prestar queixa. Com mais relatos e mais detalhes, inquéritos podem avançar para que a punição aos criminosos seja mais ágil - o que nem sempre ocorre, na prática.
Ao longo dessa terça-feira (22), insisti para que a assessoria da Polícia Civil indicasse um porta-voz para dar orientações à população em relação às abordagens criminosas. Mas, como tem sido frequente, não houve autorização.
A Polícia Civil é subordinada à Secretaria Estadual de Defesa Social. Desde 2017, ano em que houve recorde histórico de assassinatos em Pernambuco, a imprensa tem sentido mais dificuldade em obter informações públicas sobre a violência com o governo estadual.
O silêncio - mais do que as respostas aos questionamentos - é corriqueiro. E a população, aquela que paga os impostos desses servidores, é quem fica no prejuízo por não ter acesso a todas as informações necessárias para sua própria proteção.