O caso de uma menina de 9 anos que morreu após ser atingida por um tiro disparado pela irmã de 8, durante uma brincadeira, no município de Igarassu, no Grande Recife, expõe o alto perigo de tragédias dentro de casa. Não é novidade, mas o discurso armamentista incentivado pelo governo federal e seus apoiadores insiste em ignorar esses riscos.
Em recente entrevista à coluna Ronda JC, o advogado Bruno Langeani, que é gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, reforçou a importância de as pessoas evitarem ter armas de fogo dentro de casa - principalmente para as famílias que têm crianças.
"Em primeiro lugar, para as pessoas que não trabalham no campo da segurança e que não dependem da arma para trabalhar, a recomendação é que não busquem levar este artefato para dentro de casa, pois, mesmo com os cuidados de guarda, há aumento de risco para violência doméstica, acidentes - especialmente com crianças do sexo masculino, mais curiosas por armas - e suicídios", afirmou.
"Para os que já têm esta arma, a recomendação é que redobrem os cuidados de guarda, deixando a arma longe do alcance de pessoas não habilitadas, e em recipiente trancado, para evitar tanto o mau uso, quanto o furto ou roubo por alguém que frequenta a casa", completou Langeani, que é autor do livro "Arma de Fogo no Brasil: Gatilho da Violência" (R$ 45, Editora Telha).
INVESTIGAÇÃO
A menina de 9 anos que morreu em Igarassu foi atingida por uma espingarda calibre 32, que pertencia ao tio e estava guardada na residência. A criança foi atingida nas costas e chegou a ser socorrida e encaminhada para uma unidade de saúde, mas não resistiu.
O corpo da menina foi encaminhado para o Instituto de Medicina Legal (IML), no Recife.
Em nota, a Polícia Civil informou que a Força Tarefa de Homicídios da Região Metropolitana Norte vai apurar as circunstâncias e dinâmica do fato. No entanto, não repassou maiores detalhes sobre o caso.