Muitas dúvidas surgiram depois que o Governo de Pernambuco anunciou, na segunda-feira (20), que 99% dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para covid-19 já estão ocupados e que, ao mesmo tempo, pacientes graves já esperavam uma vaga, precisando de respiradores. A conta é a seguinte: segundo dados da Central Estadual de Regulação Hospitalar do Estado, Pernambuco tem 319 vagas de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS). E elas são destinadas não apenas a pacientes graves com diagnóstico confirmado da infecção pelo novo coronavírus; essas vagas também são para dar assistência aos pacientes, em mesma condição grave, com suspeita da doença. Por isso, a ocupação dos leitos chegou a 99%.
Ou seja, dos 2.690 casos confirmados do novo coronavírus no Estado, até a segunda-feira (20), 432 pacientes estavam internados. Desse total, 76 (com diagnóstico positivo de covid-19) permaneciam em UTI; os demais (356) em enfermaria. Esse número inclui pacientes em leitos públicos e privados. Além dos casos confirmados que recebem assistência nessas vagas, há o outro grupo de pacientes: com sintomas graves, mas que ainda aguardam resultado laboratorial.
"Esse número impõe uma situação crítica, pois já coloca pessoas na fila de espera (com suspeita ou confirmação de covid-19), aguardando por mais tempo do que deveria por um leito de UTI. É muito preocupante", disse André Longo. O número inclui tanto os leitos para covid-19 do Estado como também os que foram abertos recentemente pela Prefeitura do Recife. Só nas vagas da capital, há 50 pacientes em UTI, segundo informou, na segunda-feira (20), a Secretaria de Saúde do Recife.
Ao reconhecer a chegada desta mais temida fase da pandemia em Pernambuco, com o colapso do sistema de saúde, o secretário pede para a população respeitar o isolamento social, cuja taxa está em torno de 50% - vinte pontos percentuais abaixo do mínimo ideal, que é de 70%.
“Todos os modelos matemáticos apontam para curva mais íngreme de aumento de número de casos e mortes, se não fizermos o isolamento social adequado. Esse distanciamento resultará numa curva crescimento da epidemia que certamente levará a um maior número de óbitos, infelizmente”, destacou o secretário. Ele destacou que a dificuldade para se conseguir uma vaga de leito de UTI tem conduzido pacientes do Recife a outras regiões (e vice-versa) em busca de assistência hospitalar. “Para se ter ideia, 26% dos pacientes que estavam no Hospital Mestre Vitalino (Caruaru, no Agreste) tinham origem na Região Metropolitana do Recife, e hospitais na capital podem ter pacientes de outros municípios do Estado. Sempre que a taxa de ocupação está maior do que 80%, há uma zona de criticidade que exige fazer o melhor manejo do leito”, ressaltou.