Pernambuco é a terceira unidade federativa que mais tem municípios com mortes confirmadas em decorrência das complicações da covid-19. O dado está no boletim epidemiológico divulgado, nesta sexta-feira (29), pelo Ministério da Saúde, que publica semanalmente uma análise detalhada sobre o perfil da transmissão do novo coronavírus no Brasil. Segundo o governo federal, 122 dos 184 municípios pernambucanos já confirmaram óbitos causados pela doença. Isso mostra que, em dois meses (a contar do primeiro registro de vítima fatal por covid-19), 66,3% das cidades do Estado contabilizam mortes relacionadas à infecção. Na frente de Pernambuco, que totaliza 2.669 vidas ceifadas pela doença, estão apenas o Ceará, com 128 municípios com óbitos confirmados, e São Paulo, que lidera o ranking, com 236 cidades que contabilizam vítimas fatais.
Esse recorte do Ministério da Saúde confirma como a epidemia, após ter iniciado pelo Recife, percorre pela Zona da Mata, Agreste e Sertão de Pernambuco. Até a sexta (29), segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), 160 municípios (87% dos 184) e o Arquipélago de Fernando de Noronha já contabilizavam casos graves de covid-19. São quadros de síndrome respiratória aguda que causa desconforto respiratório intenso e geralmente exige internamento em leitos de enfermaria ou unidade de terapia intensiva (UTI).
Na Zona da Mata, as cidades que mais confirmaram casos graves do novo coronavírus foram Vitória de Santo Antão (244), Água Preta (70), Escada (70) e Palmares (69). No Agreste pernambucano, os pacientes que apresentam quadros mais severos da doença são moradores de Caruaru, com 159 casos desse tipo, Gravatá (49) e Garanhuns (35). Já Arcoverde, Sagueiro e Petrolina são municípios localizados no Sertão que mais reúnem casos graves de covid-19: 32, 37 e 37, respectivamente.
Nesta sexta-feira (29), o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) notificou 33 municípios pernambucanos para adequação da assistência à covid-19. Essas cidades reúnem 115 denúncias, feitas por médicos, contabilizadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). As queixas vão desde falta de equipamentos de proteção individual, equipes incompletas e falta de vagas na UTI – todos os relatos associados à assistência aos pacientes com suspeita e confirmação da infecção.
Em nota, o Cremepe destaca que a interiorização da doença pode gerar muitos casos graves, o que coloca as cidades menores em risco de colapso do sistema de saúde. O Cremepe alertou que a persistência das inconformidades levará a medidas que podem chegar à interdição ética do serviço. “Os relatórios também serão enviados ao Ministério Público de Pernambuco e Tribunal de Contas do Estado”, frisa a nota do conselho.
O Estado anunciou que o enfrentamento à pandemia de covid-19 será intensificado em junho com três hospitais de campanha e 38 novos leitos de UTIs nas cidades de Vitória de Santo Antão, Garanhuns, Caruaru, Serra Talhada e Goiana. “Temos monitorado diariamente os dados da doença, inclusive a entrada dela no interior, e atuado na vigilância dos casos e também para garantir a estrutura necessária na rede de saúde”, comentou a secretária-executiva de Vigilância em Saúde do Estado, Luciana Albuquerque.
Em Caruaru, serão instalados 104 leitos, sendo 76 de enfermaria, 26 semi-intensivos e dois de estabilização. A unidade de Serra Talhada terá 95 leitos (72 de enfermaria, 22 semi-intensivos e um para estabilização). Já o Hospital de Campanha de Petrolina terá capacidade para 102 leitos (74 de enfermaria, 26 de tratamento semi-intensivo e duas vagas para estabilização). O Estado também assegurou que serão entregues, nos próximos dias, 38 leitos de UTI nas cidades de Vitória de Santo Antão, Garanhuns, Caruaru, Serra Talhada e Goiana. Ao todo, Pernambuco tem hoje 1.447 vagas de assistência hospitalar dedicadas a covid-19, sendo 635 UTIs.