Sobe para dez o número de suspeitas de reinfecção pelo coronavírus em Pernambuco

Secretaria Estadual de Saúde diz que os cinco primeiros casos notificados de reinfecção atendem todos os critérios para análise pelo Instituto Evandro Chagas, no Pará
Cinthya Leite
Publicado em 25/11/2020 às 6:04
A média semanal de vítimas, que elimina distorções entre dias úteis e fim de semana, ficou em 1.641. Foto: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM


Sobe para dez o número de pessoas com suspeita de reinfecção pelo novo coronavírus em Pernambuco, segundo apurou o JC junto à Secretaria Estadual de Sáude (SES). No início do mês, cinco casos haviam sido anunciados e tiveram seus resultados enviados ao Ministério da Saúde. Para a SES, esses primeiros registros são "possíveis casos de reinfecção", pois atendem todos os critérios descritos para análise pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará. Os pacientes são do Recife (4) e de Olinda (1). Eles tiveram o segundo resultado positivo entre três e seis meses após o primeiro exame. Somados a eles, estão outros cinco casos, notificados após a SES divulgar, na última semana, nota técnica sobre reinfecção. Eles estão em análise para verificar se atendem todos os critérios para encaminhamento ao IEC. Dois são moradores de Olinda, e há outros do Sertão: Araripina (1), Carnaíba (1) e São José do Egito (1).

Outros Estados, como São Paulo, Acre, Ceará e Sergipe, têm registrado possíveis casos de segunda infecção pelo novo coronavírus, após terem se recuperado do primeiro episódio da doença. Pelo mundo, os Estados Unidos, Hong Kong, Bélgica, Holanda e Equador já confirmaram casos de reinfecção. Além disso, no último sábado (21), um novo quadro de segundo episódio de covid-19 foi relatado em Seul (Coreia do Sul). Uma mulher de 21 anos teve a doença em dois momentos distintos, num intervalo de 26 dias. O estudo de caso foi publicado na revista científica Clinical Infectious Disease.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) não cita números, mas diz que "até o momento, existem alguns relatos de indivíduos que foram reinfectados pelo novo coronavírus". No site, a entidade ainda destaca ser provável existir mais exemplos de reinfecção relatados e que os cientistas trabalham para entender o papel da resposta imunológica na primeira e na segunda infecção.

O médico Carlos Brito, professor da Universidade Federal de Pernambuco, contextualiza o atual momento de incremento de quadros de covid-19 no Estado com possíveis ocorrências de reinfecção. "Como a doença recrudesceu, observamos que as pessoas estão mais atentas a sintomas do vírus e voltar a atenção para a possibilidade de uma segunda infecção. É importante destacar que a reinfecção é fato confirmado, embora raro, e que pode se manifestar com sintomas mais leves ou mais graves, em comparação com o primeiro episódio", explica. Carlos Brito acrescenta que mais estudos são necessários para ajudar a entender a frequência com que essa condição pode ocorrer.

Dúvidas

Outras questões sobre a temática ainda precisam ser respondidas pela ciência, como o tempo em que a reinfecção pode ocorrer após a primeira, a gravidade com que o segundo episódio se manifesta e os grupos mais susceptíveis a um novo adoecimento. "Do ponto de vista epidemiológico, é importante reconhecer que uma pessoa com o vírus pela segunda vez é capaz de transmiti-lo para outros indivíduos", salienta Carlos Brito. Recentemente, ele ministrou palestra sobre o tema durante o 1º Webnário Sul-Mato-Grossense de Covid-19 e chamou a atenção para a necessidade de o sistema de saúde sensibilizar profissionais para suspeitar e investigar caso de reinfecção.

A SES informou que a nota técnica publicada orienta os municípios pernambucanos sobre a notificação dos possíveis casos de reinfecção pelo novo coronavírus. "As cidades ficarão responsáveis pela identificação das suspeitas em seu território e, com isso, notificar ao Estado, encaminhando os laudos dos exames", diz, em nota, a SES. Para confirmar um caso, segundo o governo estadual, é preciso que o paciente tenha duas amostras de biologia molecular (RT-PCR) positivas com um intervalo entre elas de, no mínimo, 90 dias, além de estarem adequadas para análise. Os materiais precisam ser encaminhados, via Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco, para o IEC. O Ministério da Saúde, de acordo com a SES, divulgará o resultado das investigações.

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