Epidemia de H3N2: mesmo após abrir 329 leitos, Pernambuco tem mais de 260 pacientes em espera por UTI e enfermaria

Para atender casos da influenza e da covid-19 na rede pública, governo do Estado anuncia que vai criar mais 149 vagas em hospitais
Cinthya Leite
Publicado em 04/01/2022 às 17:56
OCUPAÇÃO Vírus respiratórios continuam a pressionar a rede hospitalar Foto: BOBBY FABISAK/JC IMAGEM


Com o avanço da epidemia da gripe, causada pelo vírus influenza H3N2, Pernambuco volta a sentir diariamente a pressão na assistência hospitalar. Atualmente, 77% dos leitos de terapia intensiva (UTI) e 67% das vagas de enfermaria, reguladas pelo Estado, estão ocupados. Além disso, 265 pessoas com sintomas respiratórios graves estão na fila de espera por uma vaga em hospital para receber assistência. Desse total, 143 aguardam um leito de UTI - e cinco delas são crianças. Além disso, 122 pacientes esperam ser transferidos para enfermaria - sete deles aguardam um leito infantil. Os dados são do painel da regulação estadual para síndrome respiratória aguda grave (srag), correspondem aos leitos públicos e foram consultados, na tarde desta terça-feira (4), pela reportagem do JC.

Leia também: 

Esse aumento de pessoas em fila de espera com síndrome respiratória aguda grave (srag) ocorre mesmo após o governo de Pernambuco ter criado, desde a véspera de Natal (24/12), 329 vagas para atender casos da influenza e da covid-19 na rede pública. Entre elas, 119 são de UTI. "Diante do aumento de casos provocados pela influenza A (H3N2), a conversão de leitos para atendimento de pacientes com quadros respiratórios foi anunciada, pelo secretário André Longo, durante coletiva de imprensa na semana passada. Com isso, atualmente, Pernambuco conta com a maior rede pública voltada para pacientes com srag entre os estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Ao todo, são 1.646 leitos, sendo 845 de UTI", diz a Secretaria Estadual de Saúde (SES), ao anunciar o novo balanço de casos de influenza nesta terça-feira. Já foram registrados, em Pernambuco, 5.253 casos de influenza A, com 30 mortes.

Em nota enviada ao JC, a SES explica que, neste momento em que o Estado tem fila de espera por leitos, "a prioridade (para ofertar essas vagas) é para casos graves, de acordo com as avaliações das equipes médicas, junto aos médicos reguladores, a partir de critérios clínicos e técnicos". Além disso, a secretaria salienta que a "disponibilização de leitos, pela central de regulação para casos de síndromes respiratórias, é extremamente dinâmica" e que "diariamente dezenas de pacientes dão entrada e outras dezenas saem transferidos para hospitais de referência, ou recebem alta".

Dessa forma, a SES informa que a priorização das transferências é realizada a partir da discussão técnica entre o médico solicitante e o médico regulador, levando em consideração, primeiramente, a gravidade do caso, a estrutura disponível e a qualidade do suporte clínico nas unidades de saúde onde cada paciente se encontra.

Leitos inaugurados 

Desde a última sexta-feira (31/12), a SES diz que foram abertas 146 novas vagas para pacientes com síndromes respiratórias, sendo 83 de UTI. Elas foram ativadas nos hospitais Memorial Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes (10 de UTI); Agamenon Magalhães (8 UTI) e Evangélico (27 de enfermaria), no Recife; João Murilo, em Vitória de Santo Antão (10 de UTI); Brites de Albuquerque, em Olinda (10 de UTI); e UPAE Goiana (7 de UTI e 6 de enfermaria). Além disso, na última segunda-feira (3), foram colocadas em operação novas vagas no Recife, sendo 40 leitos (10 de UTI) no Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa e 10 no Maria Vitória (todos de UTI). Já nesta terça-feira (4), o Hospital Referência à Covid-19 - unidade Boa Viagem (antigo Alfa) colocou em operação outros 10 leitos de UTI, e o Hospital Agamenon Magalhães converteu 8 vagas de terapia intensiva para atendimento de síndromes respiratórias. Nos próximos dias, ainda há previsão de abertura de outros 149 leitos, sendo 80 de terapia intensiva e 69 de enfermaria.

"Estamos trabalhando para garantir a assistência a quem precisa, colocando em prática um plano de contingência, porque temos uma forte pressão sobre a rede de saúde, tanto nas urgências, como nos setores de internação. Assim, estamos retomando os esforços para conversão de leitos para o atendimento de quadros respiratórios", diz o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo.

Ele destaca ainda que, apesar dos esforços, o governo do Estado não conseguirá, sozinho, controlar a epidemia de influenza. "O reforço no uso da máscara, na lavagem das mãos, e a atitude de evitar aglomerações são ações de proteção à vida. Além disso, quem tiver qualquer sintoma de gripe deve fazer o autoisolamento e colocar a máscara, mesmo dentro de casa", reforçou Longo.

Influenza H3N2: está com sintomas de gripe? Saiba quando procurar uma unidade de saúde; veja locais para atendimento no Recife e em Olinda

Neste momento em que se vivencia a circulação conjunta do coronavírus e do influenza, o governo de Pernambuco tem reforçado, a fim de sobrecarregar a rede de saúde, a divulgação da ferramenta Atende em Casa, que oferta orientações e teleorientação por um profissional de saúde aos pacientes com sintomas gripais. Qualquer pessoa com febre, tosse, dor de garganta e no corpo, coriza ou outros sinais pode acessar o Atende em Casa (atendeemcasa.pe.gov.br) para que possa receber orientação para se recuperar em ficar em casa ou ser orientado a procurar o sistema de saúde.

Leia também: 

No Recife, é oferecido atendimento aos pacientes com sintomas gripais e respiratórios nas Unidades Provisórias Covid (UPC) e nos Serviços de Pronto Atendimento (SPA). As UPCs funcionam na Policlínica Waldemar de Oliveira, em Santo Amaro; na Upinha Eduardo Campos, na Bomba do Hemetério; no Centro de Saúde Professor Mário Ramos, Casa Amarela; na Upinha Vila Arraes, Várzea; no Centro de Saúde Professor Romero Marques, no Prado; no Centro Social Urbano (CSU) Afrânio Godoy, na Imbiribeira; na Upinha Moacyr André Gomes, no Morro da Conceição; na Policlínica Arnaldo Marques, na Cohab.

Já os SPAs, na capital pernambucana, estão localizados na Policlínica Agamenon Magalhães, em Afogados; Policlínica Amaury Coutinho, na Campina do Barreto; Policlínica e Maternidade Arnaldo Marques, no Ibura; Policlínica e Maternidade Barros Lima, em Casa Amarela; Hospital Helena Moura, na Tamarineira.

Em Olinda, a prefeitura reforçou, a partir da segunda-feira (3), equipes de atendimento exclusivas para tratar de pessoas com sintomas gripais. De segunda a sexta, das 8h às 17h, a população pode procurar as Policlínicas Barros Barreto, na Praça do Carmo; São Benedito, na Rua Dunas, s/n; e Rio Doce II, na Avenida Frederico Lundgren, 1133.

As equipes contam com médico, enfermeiro e técnico de enfermagem. Para testagem, a população deve procurar a Policlínica Barros Barreto. 

Gripe H3N2: sobe para 5.253 o número de infecções por influenza em Pernambuco; 30 pessoas foram a óbito

Até esta segunda-feira (3), foram registrados 5.253 casos de influenza A em Pernambuco, com 30 óbitos. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), nesta nova rodada de análises feita pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE), foram obtidas 2.787 amostras laboratoriais positivas, com 19 novos óbitos.

Leia também: 

Dos 5.253 casos de gripe, 5.226 são de influenza A (H3N2) e 27 influenza A não subtipada. Do total de registros, até o momento, 371 (7,1%) apresentaram síndrome respiratória aguda grave (srag).

Ao todo, Pernambuco totaliza 30 óbitos, sendo 13 masculinos e 17 femininos. Todos foram confirmados para a influenza A (H3N2). Os pacientes eram residentes do Recife (17), Palmares (3), Ipojuca (2), Jaboatão dos Guararapes (2), São Lourenço da Mata (2), Goiana (1), Olinda (1), Sirinhaém (1), Tracunhaém (1).

As idades dos pacientes que foram a óbito variam entre 1 e 92 anos. As faixas etárias são: 1 a 9 (1), 10 a 19 (1), 20 a 29 (1), 30 a 39 (3), 40 a 49 (2), 50 a 59 (4) e 60 e mais (18). Os pacientes apresentavam comorbidades e possuíam fatores de risco para complicação por influenza, como diabetes, doença cardiovascular, doença renal crônica, cardiovasculopatias, hipertensão arterial e sobrepeso.

"Estamos trabalhando para garantir a assistência a quem precisa, colocando em prática um plano de contingência, porque temos uma forte pressão sobre a rede de saúde, tanto nas urgências, como nos setores de internação. Assim, estamos retomando os esforços para conversão de leitos para o atendimento de quadros respiratórios", diz o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo.

Ele destaca ainda que, apesar dos esforços, o governo do Estado não conseguirá, sozinho, controlar a epidemia de influenza. "O reforço no uso da máscara, na lavagem das mãos, e a atitude de evitar aglomerações são ações de proteção à vida. Além disso, quem tiver qualquer sintoma de gripe deve fazer o autoisolamento e colocar a máscara, mesmo dentro de casa", reforçou Longo.

TAGS
cinthya leite Influenza gripe Google Destaques
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory