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Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe
COLUNA JC SAÚDE E BEM-ESTAR

Gripe H3N2: ao chegar a 80% das UTIs públicas ocupadas, Pernambuco ultrapassa a marca de 400 pacientes na fila por um leito

Nova cepa da influenza faz muita gente adoecer ao mesmo tempo e de forma muito rápida, após a exposição ao vírus. O resultado é a sobrecarga no sistema de saúde

Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 05/01/2022 às 20:47 | Atualizado em 05/01/2022 às 20:55
O problema da falta de leitos continua como um problema histórico - DIVULGAÇÃO/SES

A epidemia da gripe H3N2 em Pernambuco, que ganha força dia após dia especialmente no Recife, faz os hospitais vivenciarem, mais uma vez, uma pressão que leva profissionais de saúde a mergulharem na exaustão e no esgotamento. Após duas ondas intensas de covid-19 no Estado (em 2020 e em 2021), médicos, enfermeiros e demais trabalhadores da área voltam a atuar em plantões para salvar vidas de pessoas com síndrome respiratória aguda grave (srag). Com 80% das vagas de terapia intensiva (UTI) e 74% das enfermarias ocupadas por pacientes com esse quadro, Pernambuco retoma os cenários de pico do coronavírus, com UTIs que têm praticamente todos os doentes em ventilação mecânica (no respirador) e mais de 400 pessoas em fila de espera por uma vaga de terapia intensiva ou de enfermaria. Os dados são do painel da regulação estadual para síndrome respiratória aguda grave (srag), correspondem aos leitos públicos e foram consultados, na noite desta quarta-feira (5), pela reportagem do JC.

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Além de precipitada (influenza geralmente ocorre com maior frequência a partir de março), a gripe atual tem uma diferença importante de cepas anteriores: é muito transmissível e tem um curto período de incubação. Ou seja, muita gente tem adoecido ao mesmo tempo e de forma muito rápida após a exposição ao vírus.

"Eu senti uma piora brusca (aumento no número de doentes) de três semanas para cá. Foi tudo de forma muito repentina. Estava tudo tranquilo para o que se espera de uma UTI. Mas rapidamente muitas pessoas começaram a aparecer nos hospitais com um quadro (de gripe) bastante forte. Agora, os dez leitos de um serviço onde trabalho permanecem sempre ocupados. E o perfil dos pacientes é de gravidade; a maioria intubados (por srag)", conta a médica Beatriz Fried, que trabalha atualmente em dois hospitais que oferecem assistência a pacientes com quadro de srag.

A cada plantão, a médica diz que há de 60% a 70% em ventilação mecânica (no respirador). "Antes desse surto de gripe, tínhamos leitos vazios, e a maioria das pessoas em UTI estava sob controle, com cateter nasal (tubinho com dois prolongamentos, conectado a um dispositivo para o suprimento de oxigênio através do nariz). Neste momento atual de H3N2, já houve dia em que, pouco tempo após a liberação da vaga em UTI, eu já estava recebendo as instruções para receber um novo paciente. Isso mostra que os leitos não ficam vagos um só instante", acrescenta.

Assim como há lista de espera para leitos de UTI voltados a adultos, existe uma fila para vagas na pediatria. Ontem havia 13 solicitações de vagas em UTI para crianças e mais 26 leitos em enfermaria para a mesma faixa etária. "Nos casos das gestantes, a situação também é delicada. Temos percebido um aumento de mulheres grávidas com quadros respiratórios nas UTIs", destaca Beatriz, que também trabalha em serviço de terapia intensiva na área da obstetrícia.

Mais leitos 

Segundo o governo de Pernambuco, foram abertas, desde o dia 24 de dezembro, 329 novas vagas na rede estadual - entre elas, 119 de UTI. A previsão é que sejam criados, nos próximos dias, outros 149 leitos, sendo 80 de UTI e 69 de enfermaria. "Estamos trabalhando para garantir a assistência a quem precisa, colocando em prática um plano de contingência, porque temos uma forte pressão sobre a rede de saúde, tanto nas urgências, como nos setores de internação. Assim, estamos retomando os esforços para conversão de leitos para o atendimento de quadros respiratórios", disse o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo. "Mas destaco que, apesar destes esforços, o governo do Estado não vai conseguir, sozinho, vencer essa batalha. O reforço no uso da máscara, na lavagem das mãos e a atitude de evitar aglomerações são ações de proteção à vida. Além disso, quem tiver qualquer sintoma de gripe deve fazer o autoisolamento e colocar a máscara, mesmo dentro de casa", reforçou Longo.

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