A autoridade máxima sanitária em Pernambuco, o secretário André Longo, expressou preocupação com a aceleração da epidemia da gripe H3N2 no Estado. Ele informou que, na última quarta-feira (5), o governo alcançou um recorde diário de atendimento hospitalar, com o internamento de 196 pessoas que evoluíram para a forma severa de infecção: a síndrome respiratória aguda grave (srag).
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"Estamos vivendo a fase de aceleração epidêmica, que gera um número muito grande de casos, numa velocidade muito intensa. Isso faz com que o sistema de saúde demore um tempo para se adaptar, por mais leito que a gente abra. Estamos no limite do uso de ambulâncias, que rodam 24 horas", destacou o secretário nesta quinta-feira (6), em coletiva de imprensa. Esse salto da influenza nos leva a assistir a um cenário que era comum no início da pandemia de covid-19: a predominância dos idosos entre os mais acometidos e os que mais estão internados.
"A situação provocada pela influenza já é pior que a primeira onda da covid-19, em 2020, em volume de infecções", ressaltou o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (6)
Vacinada contra o coronavírus, em sua maioria, a população a partir dos 60 anos, já conhecida como a que tem maior risco de apresentar complicações decorrentes dos vírus da gripe, agora representa 64% dos pacientes que estão em leito público de terapia intensiva (UTI) ou de enfermaria. Ao todo, são 775 idosos que recebem assistência, em vagas do Sistema Único de Saúde (SUS), por terem apresentado complicações de infecções respiratórias. Outro detalhe é que, dos 516 casos de srag confirmados por influenza A em Pernambuco, 67% estão nessa faixa etária, assim como 60% dos 38 óbitos por gripe. Por outro lado, quando se analisam os casos totais por H3N2, entre leves e graves, mais de 65% são na população entre 20 e 49 anos.
"Esse cenário de forte aceleração epidêmica está relacionado ao fato de termos baixado a guarda. Os mais jovens estão se expondo muito mais, e alguns sem uso da máscara. Ao adotarem essa atitude, eles acabam levando a doença para dentro de suas casas e contaminam entes queridos, pessoas que são muitas vezes mais suscetíveis ao agravamento", frisou André Longo.
"Os mais jovens estão se expondo muito mais, e alguns sem uso da máscara. Ao adotarem essa atitude, eles acabam levando a doença para dentro de suas casas e contaminam entes queridos, pessoas que são muitas vezes mais suscetíveis ao agravamento", alerta o secretário
Ele sublinhou que, na última semana epidemiológica de 2021, a epidemia de gripe começou a ganhar maior impulso. "A situação provocada pela influenza já é pior que a primeira onda da covid-19, em 2020, em volume de infecções", ressaltou. Ao todo, foram 939 notificações de casos de srag de 26 de dezembrp a 1º de janeiro — um crescimento de 59%, em comparação com a semana anterior, e de 156% em 15 dias. Já na Central de Regulação de Leitos, foram 797 solicitações por vagas em UTI, o que representa um aumento de 80%, em comparação à semana anterior, e de 204% em 15 dias.
"Os idosos são pessoas que já tinham alguma proteção contra a covid-19, embora alguns ainda estejam precisando tomar a dose de reforço, mas que foram expostas à influenza. Esta epidemia de gripe, em meio à pandemia da covid-19, reforça o cuidado não apenas com os idosos, mas também com as pessoas com comorbidades e as crianças. A atitude de cada um de nós é determinante para o controle dessas duas doenças. Os descuidos, especialmente no Natal e festas de virada de ano, já estão cobrando seu preço", disse o secretário.
Ao longo da coletiva de imprensa, André Longo chamou a atenção para a importância da imunização e da testagem contra o coronavírus. "Precisamos sempre reforçar a necessidade da vacinação contra a covid-19, especialmente a dose de reforço. Esse aumento nos casos de influenza só nos revela e ratifica a importância da imunização. Apesar de estarmos falando menos dela, a covid-19 ainda é uma grave ameaça, principalmente com o risco de introdução da variante ômicron. E a forma mais eficaz e segura de se proteger é com a vacina", destacou. Para os casos suspeitos e confirmados, o secretário ressaltou a testagem e o isolamento domiciliar. "Quem estiver com qualquer sintoma gripal, mesmo que leve, ou tiver tido contato com alguém com esses sintomas, procure testar e, independentemente do resultado do exame, deve fazer o autoisolamento até o desaparecimento dos sintomas."
Dados
De dezembro até a última terça-feira (4), foram registrados 6.392 casos de influenza A em Pernambuco, com 38 mortes. Apenas nessa nova rodada de análises feita pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE), foram obtidas 1.139 amostras laboratoriais positivas, sendo oito novos óbitos. Dos 6.392 casos, 6.327 são de influenza A (H3N2) e 65 influenza A não subtipada. Do total de registros, até o momento, 516 (8,1%) apresentaram quadro de srag.
Entre os pacientes que não resistiram às complicações da gripe H3N2 e foram a óbito, 15 eram homens e 23 mulheres. Os pacientes eram residentes do Recife (23), Palmares (3), Ipojuca (2), Jaboatão dos Guararapes (2), São Lourenço da Mata (2), Escada (1), Goiana (1), Olinda (1), Sirinhaém (1), Timbaúba (1) e Tracunhaém (1). As idades variam entre 1 e 92 anos. As faixas etárias são: 1 a 9 (1), 10 a 19 (1), 20 a 29 (1), 30 a 39 (4), 40 a 49 (2), 50 a 59 (6) e 60 e mais (23). Os pacientes tinham fatores de risco para complicação por influenza, como diabetes, doença cardiovascular, doença renal crônica, cardiovasculopatias, hipertensão arterial e sobrepeso.