Desde março, Pernambuco vivencia um surto de doenças respiratórias na infância, o que tem levado a um aumento do número de crianças nas emergências públicas e privadas. O vírus sincicial respiratório (VSR), o adenovírus, o rinovírus e o metapneumovírus são os agentes que têm causado os quadros de cansaço e pneumonia nos pequenos. Muitos precisam de assistência em leito de terapia intensiva (UTI) e aguardam a liberação de uma vaga.
O painel que apresenta os dados de leitos de síndrome respiratória aguda grave (srag) no Estado aponta que, das 73 pessoas à espera de terapia intensiva na rede pública do Estado, 70 são bebês e crianças. Entre eles, 65 aguardam uma vaga em UTI pediátrica e 5 em UTI neonatal - aquela que recebe prematuros e bebês que apresentam algum tipo de problema ao nascer.
"Estamos no pico da transmissão dos vírus respiratórios, especialmente entre a faixa etária até 2 anos de idade. Isso ainda deve durar mais duas semanas. Por isso, nestes dias, recomendo que as crianças pequenas (até 4 anos) permaneçam em casa e, se possível, não frequentem as escolas. Em junho, certamente esse cenário será menos duro", diz o pediatra Eduardo Jorge da Fonseca Lima, representante da Regional Pernambuco da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim).
"Em abril e maio, em Pernambuco, temos a tradição de ocorrência de doenças respiratórias, na pediatria, de forma importante. Com a pandemia, as crianças usaram máscara, não foram para a escola e circularam pouco. Isso deu uma tranquilidade (em termos de adoecimento por agentes respiratórios, com exceção da covid) em 2020 e 2021. Com a reabertura e a desobrigação do uso de máscaras, houve este boom de casos que vemos agora", explica o pediatra.
O pediatra reforça a mensagem de que é importante a população continuar se cuidando, evitar aglomeração, usar álcool em gel e fazer a lavagem de mãos de forma correta. "Este último recado é algo importantíssimo para prevenir doenças respiratórias", complementa.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) reforça que Pernambuco vive, neste momento, o período de sazonalidade das doenças respiratórias, quando historicamente há uma maior ocorrência dessas enfermidades. "O aumento no fluxo de atendimentos pediátricos ocorre em toda a rede de saúde, tanto a pública como privada. Além disso, entre todos os pacientes internados nos leitos voltados para casos de srag na rede pública, menos de 2% apresentam infecção pelo coronavírus, predominando, portanto, casos provocados por outros agentes infecciosos, como vírus sincicial respiratório e rinovírus", diz.
Em relação aos leitos para bebês e crianças com quadros respiratórios, a SES informa que a rede de saúde pública de Pernambuco conta atualmente com 233 vagas, sendo 106 de UTI e 127 de enfermaria. A ocupação geral destes leitos está em 72%, sendo 63% nas vagas de enfermaria e 87% nas de UTI.
"É importante destacar que o Governo de Pernambuco vem trabalhando de forma permanente para ampliar a rede para atender este público, de forma descentralizada e regionalizada. Desde o ano passado, mais de 30 leitos de UTI para este público foram abertos em Pernambuco, e o número de vagas teve um aumento de quase 60%, passando de 57 para mais de uma centena atualmente", destaca a SES.
"Apenas na semana passada, 10 novos leitos de terapia intensiva foram colocados em operação no Sertão do Araripe. E, mesmo diante da grande carência de profissionais intensivistas para este público - uma realidade em todo o país -, o governo de Pernambuco tem a previsão de abrir novos leitos nos próximos dias", acrescenta a pasta.