Com informações de Michael Carvalho, da TV Jornal
O número de casos registrados de leptospirose em 2022 dobrou no período das fortes chuvas no inverno do Recife. Entre 23 de maio e 7 de julho, foram 36 casos na capital pernambucana. No mesmo intervalo de tempo no ano passado, foram 18 confirmações.
A chefe da divisão de doenças transmissíveis do Recife, Adriana Luna, afirmou, ainda, que o perfil dos pacientes é de homens jovens adultos, que “trabalham e têm que sair de casa” nas chuvas. “A principal forma de transmissão da leptospirose é pelo contato desprotegido com águas de chuvas e lama contaminadas com a urina do roedor”, lembrou a especialista.
A doença é causada pela bactéria Leptospira, presente na urina de ratos e outros animais, e aumenta após períodos chuvosos, principalmente em pessoas que moram em áreas mais vulneráveis, onde há muito lixo acumulado e proliferação de ratos.
"Outra preocupação são as gastroenterites, doenças infecciosas que causam diarreias e outros sintomas. A contaminação pode acontecer se o reservatório que armazena a água utilizada para consumo em casa for contaminado", explicou a infectologista Vera Magalhães, professora titular de doenças infecciosas na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
A Leptospira entra no organismo através da pele e mucosas (nariz e olhos), principalmente se houver algum arranhão ou ferimento. Febre elevada, dor muscular intensa, náusea, vômito, tosse seca e dor de cabeça são os principais sintomas da forma branda da doença.
"Os sintomas são parecidos com o de uma virose. O que é importante é que, caso a pessoa tenha tido contato com essa água e apresente esses sintomas, procure um serviço de saúde e relate o contato ao profissional que está atendendo", indicou Adriana Luna.
O que é leptospirose?
A doença é causada por uma bactéria presente na urina do rato que normalmente se espalha pela água suja de enchentes e esgotos.
Leptospirose: como ocorre a contaminação?
As pessoas podem ficar doentes quando entram em contato com água ou lama contaminada pela urina de roedores (ratazanas, ratos de telhado e camundongos). A bactéria entra na pele, com ou sem ferimentos, quando em contato com água contaminada.
É possível se prevenir da leptospirose?
Sim. Confira alguns cuidados:
- Evite o contato em áreas com água ou lama de enchentes ou esgotos. Não deixe que crianças nadem ou brinquem nesses locais, que podem estar contaminados pela urina dos ratos
Após as águas baixarem, será necessário retirar a lama e desinfetar o local, sempre com proteção - Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulho e esgoto devem usar botas e luvas de borracha para evitar o contato da pele com água e lama contaminadas. Se isso não for possível, usar sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés
- Após as águas baixarem, será necessário retirar a lama e desinfetar o local, sempre com proteção
- Devem ser lavados pisos, paredes e bancadas, desinfetando com água sanitária, na proporção de duas xícaras das de chá (400 ml) desse produto para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos
- Tenha cuidado com os alimentos que tiveram contato com água de enchente. Alguns devem ser jogados fora
- É importante limpar e desinfetar a caixa d’água
Quais os sintomas da leptospirose?
A doença é caracterizada por febre, dor de cabeça, dor muscular (principalmente nas pernas, na área das panturrilhas: batata da perna). Os sintomas podem aparecer até 30 dias após o contato com a água ou lama.
Também podem ocorrer vômitos, diarreia e tosse. Nas formas graves, pode aparecer icterícia (pele olhos amarelos), sangramento e alterações urinárias.
Na presença de febre, dor de cabeça e dores no corpo até 40 dias depois de se ter entrado em contato com a água da enchente ou do esgoto, é preciso procurar uma unidade de saúde. É importante relatar ao médico sobre o contato com água da chuva.
Casos em Pernambuco
Até o momento, foram notificados 797 casos de leptospirose em Pernambuco, sendo 108 confirmados, 99 descartados e 590 que permanecem em investigação. Em 2022, foram notificados 8 óbitos, sendo 2 confirmados pela doença e 6 que permanecem em investigação.