As chuvas fortes, que levaram a enchentes e alagamentos no Grande Recife, fizeram aumentar o número de casos de leptospirose, transmitida pelo contato com a urina de ratos infectados pela bactéria Leptospira.
A doença se torna mais frequente porque, quando as inundações acontecem, a urina de ratos existente em esgotos e bueiros mistura-se à água das enxurradas e à lama.
Neste ano, segundo dados do boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) até 16 de julho, foram notificados 1.006 casos de leptospirose no Estado. Desse total, 186 foram confirmados, 178 descartados e 642 permanecem em investigação.
Esses números já superam 2021. Em comparação com o mesmo período do ano passado, há um aumento de 74% para casos notificados. E considerando todo o ano de 2021, foram notificados 441 casos, sendo 131 casos confirmados.
Ainda no ano passado, foram confirmados 34 mortes no Estado. Em 2022, até o momento, foram notificados oito óbitos: dois confirmados, e os demais permanecem em investigação.
Já no Recife, entre os dias 23 de maio e 7 de julho deste ano, foram notificados 185 casos de leptospirose, dos quais 36 foram confirmados (19,4%). No mesmo período do ano passado, foram notificados 28 casos e confirmados 18 (64,2%). Isso representa um incremento de 560,7% de casos notificados e de 100% de casos confirmados em 2022.
A leptospirose é uma doença que pode ser assintomática. Mas, quando as manifestações aparecem, os sintomas geralmente passam pela febre, náuseas, dores de cabeça e no corpo, principalmente nas panturrilhas. Podem aparecer também, calafrios, dor de garganta e fotofobia, que é a sensibilidade à luz.
Diante dos sintomas, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde. E quem tiver tido contato recente com lama ou água de enchentes deve informar ao médico.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau), cuidados simples podem evitar a infecção, como lavar bem os alimentos, especialmente as frutas e verduras que serão consumidas cruas, mantê-los guardados em recipientes bem fechados e à prova de roedores, além de conservar as caixas d’água sempre tampadas. As sobras de comida ou ração de animais domésticos devem ser retiradas antes do anoitecer e as vasilhas mantidas limpas.
"Se for necessário circular por áreas que foram atingidas pelas chuvas, deve ser evitado o contato com a água suja, seja usando botas de borracha ou até mesmo improvisando, cobrindo os pés e as pernas com sacos plásticos. Além disso, é preciso evitar levar a mão molhada à boca ou aos olhos, evitando que a bactéria penetre por lesões existentes na pele ou nas mucosas", explica a chefe da Divisão de Vigilância de Doenças Crônicas Transmissíveis do Recife, Adriana Luna.
Também é primordial lavar a garrafa ou lata de água, refrigerante e outras bebidas antes de ingerir – e evitar tocar com a boca diretamente no recipiente. A água que for beber, caso já não seja tratada, deve ser fervida por um período de 15 minutos.