A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) divulgou, nesta quinta-feira (4), a atualização semanal dos casos notificados de varíola dos macacos. Segundo o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância à Saúde (Cievs-PE), subiu para 38 o total de notificações da doença: 30 deles ainda estão em investigação, sete já foram confirmados e um caso foi descartado.
Com isso, o número de notificações dobrou em uma semana no Estado. No último dia 28 de julho, foram divulgadas 19 notificações, com 11 casos ainda em investigação e 7 confirmados, além de um caso descartado.
Entre os casos de varíola dos macacos notificados nesta quinta-feira (4) em Pernambuco, quatro são reeducandos da Penitenciária Dr. Ênio Pessoa Guerra, localizada na cidade de Limoeiro, no Agreste do Estado.
Das 38 notificações, sete pacientes tiveram confirmação laboratorial para o vírus e envolvem pessoas residentes nos municípios de Recife (3), Jaboatão dos Guararapes (2), além de dois casos de outros Estados, Rio de Janeiro (1) e São Paulo (1). As faixas etárias são: 20 a 29 (3), 30 a 39 (1) e 40 a 49 (3). Todos são do sexo masculino. Dos confirmados, todos estão em isolamento domiciliar.
Até o momento, não há evidências de que Pernambuco registre a transmissão local da varíola dos macacos, segundo a SES.
Já os 30 casos que estão em investigação são de pessoas residentes nos municípios de Recife (14), Limoeiro (5), Paulista (2), Abreu e Lima (1), Araçoiaba (1), Camaragibe (1), Gameleira (1), Ipojuca (1), Jaboatão dos Guararapes (1), Petrolina (1), Timbaúba (1) e São Paulo (1). As faixas etárias são: 10 a 19 (4), 20 a 29 (12), 30 a 39 (9), 40 a 49 (3) e 50 a 59 (2), sendo 25 do sexo masculino e 5 do sexo feminino. Os casos notificados estão sendo acompanhados pelas equipes de vigilância epidemiológica municipais.
As amostras coletadas estão sendo encaminhadas para o Laboratório de Enterovírus da Fiocruz/RJ, referência para o diagnóstico da monkeypox, e para o Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE).
Na tarde desta quinta-feira (4), profissionais da área da saúde (médicos que atuam nas emergências e unidades de terapia intensiva, coordenadores de enfermagem, chefias clínicas, além de médicos reguladores e gestores) participaram de webpalestra sobre a situação epidemiológica e manejo clínico sobre a varíola dos macacos.
A palestra foi ministrada pelo médico Demetrius Montenegro, chefe do setor de Infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc). Também foi apresentado o cenário epidemiológico em Pernambuco pelo epidemiologista George Dimech, da SES.
Durante a exposição, após apresentação do contexto histórico-epidemiológico da doença e da revisão de literatura, o infectologista Demétrius Montenegro falou sobre a importância do isolamento em casos suspeitos e também a responsabilidade sanitária de cada indivíduo.
"De forma diferente de como ocorre com o coronavírus, não se trata aqui de um isolamento propriamente respiratório, já que é necessário um contato muito próximo e direto com a pessoa contaminada. Nesse surto, o modo de transmissão é de pessoa para pessoa. Então, o problema é o contato com as lesões contaminantes e com a exposição direta às gotículas respiratórias contendo o vírus", disse Demetrius.
Outro ponto ressaltado foi o cuidado com a estigmatização da doença. "De forma geral, estamos ressaltando aqui o contato físico próximo como fator determinante para a transmissão do vírus, e isso inclui também o contato ou a relação sexual, mas não apenas ela. É necessário que trabalhemos contra qualquer forma de preconceito ou estigma que essa infecção possa causar. Não se deve apontar o contato sexual como um fator determinante ou único de disseminação do vírus, mas sim qualquer contato."
Também foram discutidos pontos para reforçar e uniformizar o protocolo de atendimento e manejo clínico, os critérios com relação aos casos prováveis que atendam à definição de caso suspeito, assim como orientações gerais e de diagnóstico.
Em junho, a SES emitiu nota técnica para os serviços de saúde das redes públicas e também privada sobre as diretrizes a serem adotadas para vigilância, acompanhamento e manejo clínico dos casos suspeitos e confirmados da varíola dos macacos em Pernambuco.
Nos casos de maior gravidade, os pacientes devem ser encaminhados, via Central de Regulação, para as unidades de referência em doenças infectocontagiosas (Hospital Correia Picanço, Hospital Universitário Oswaldo Cruz e Hospital das Clínicas).