Com informações do Estadão Conteúdo
Os quadros mais severos da varíola do macaco passaram a ser tratados com auxílio de morfina e de outros opioides.
POR QUE A MORFINA ESTÁ SENDO USADA NO TRATAMENTO DA VARÍOLA DO MACACO?
Os médicos recorreram ao uso desses medicamentos para manejar a dor de pacientes com estágios graves da doença, principalmente em casos de internação.
As dores e incômodos causados pela varíola do macaco se concentram, principalmente, nas regiões genital ou perianal.
Em casos mais severos, o vírus monkeypox, que transmite a varíola dos macacos, pode causar inflamações no pulmão, no cérebro e nas córneas e até levar à cegueira ou à morte.
Tudo o que se sabe sobre a Varíola do Macaco:
Um quadro de varíola dos macacos é considerado grave quando há uma ou mais lesões que aumentam de tamanho, e a dor é descrita como insuportável.
A sensação desses pacientes é tão forte que apenas a ingestão de paracetamol ou de analgésicos mais comuns não são suficientes para aliviar a dor.
Dessa forma, a aplicação intravenosa da morfina ou de outro opioide, como o tramadol, se torna necessária.
"Hoje, o que define mais comumente como quadro grave é a dor que não pode ser controlada com analgésicos orais”, explicou o infectologista Fábio Araújo ao Estadão.
“Pela experiência, já estamos utilizando alguns mais fortes porque sabemos que os do cotidiano não têm funcionado", acrescentou.
O infectologista Rico Vasconcelos, do Hospital das Clínicas, também confirmou essa percepção dos casos da varíola do macaco.
"A resposta que os analgésicos têm nos casos graves é bastante pobre e frustrante", informou Rico.
QUAIS OS EFEITOS COLATERAIS DO USO DA MORFINA EM CASOS DE VARÍOLA DO MACACO?
O uso de opioides, como codeína e tramadol, não são recomendados para pacientes com lesão anal ou perianal.
Isso se deve ao fato de causar eventos adversos como a obstipação (ressecamento das fezes).
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 60% dos pacientes infectados com a varíola do macaco apresentam ferida genital.
A descrição da dor, segundo o advogado João Pinheiro, 31 anos, que sofreu com a doença, é de ter 'cacos de vidro espalhados pela boca e um alicate apertando’.
Por conta da intensidade, João foi um dos pacientes a tomar a morfina nas veias, por três dias seguidos, para aliviar a sensação.