Diante da baixa cobertura vacinal contra poliomielite no Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fez pronunciamento, nesta quarta-feira (5), em que alerta sobre o risco de reintrodução da doença no País.
Atualmente, a cobertura vacinal está em torno de 60%. Ao todo, 14,3 milhões de crianças devem receber a dose.
A meta é atingir, com a vacina contra a poliomielite, pelo menos 95% do público-alvo, formado por crianças menores de 5 anos.
No Palácio Itamaraty, em Brasília, Marcelo Queiroga recordou que o último caso de poliomielite no Brasil foi registrado em 1989 e que a doença foi erradicada nas Américas nos anos 1990.
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"O Brasil está na região considerada de alto risco para reintrodução do vírus da poliomielite. Isso é decorrente da baixa cobertura vacinal", alertou.
O ministro destacou os dois casos, identificados recentemente em Israel e nos Estados Unidos. "Não permitiremos que isso aconteça em nosso país. Levem seus filhos às salas de vacinação."
A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite começou no dia 8 de agosto e foi encerrada na última sexta-feira (30), depois de ser prorrogada uma vez por causa da baixa adesão.
A orientação da pasta é que crianças de 1 a 4 anos recebam uma dose da vacina oral poliomielite (VOP), desde que já tenham recebido as três doses da vacina inativada poliomielite (VIP) previstas no esquema básico.
Pernambuco anunciou mais uma prorrogação, até 31 de outubro, das campanhas de Multivacinação e de Imunização contra a Poliomielite.
A cobertura vacinal para poliomielite ainda está bem abaixo da meta estipulada pelo Ministério da Saúde (MS), que é de 95%.
Desde o mês de agosto, início da mobilização nacional, o Estado alcançou a imunização de 71,62% (385.915 doses aplicadas) do público-alvo elegível: crianças na faixa etária de 1 a 4 anos.
Até o momento, dos 184 municípios pernambucanos, apenas 53 (28,8%) deles atingiram a meta de cobertura vacinal.
A preocupação da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) é alertar a população pernambucana sobre a importância da imunização dos públicos-alvo das campanhas, com o objetivo de manter a eliminação da poliomielite - que, por sua vez, só é possível diante das altas coberturas vacinais.
"A falta de imunização de uma parcela importante de nossa população, possibilita a reintrodução de doenças evitáveis por meio da vacina, podendo provocar adoecimentos graves e até mesmo o óbito", frisa a superintendente de Imunizações do Estado, Ana Catarina de Melo.
"A poliomielite é uma doença gravíssima e que ainda circula em dois países no mundo, como o Paquistão e o Afeganistão, onde são consideradas endêmicas. No ano passado, foram identificados dois casos do poliovírus selvagem (PVS), um no Malawi e outro em Moçambique, áreas que até então eram consideradas livres da circulação do vírus."
O Brasil não detecta casos de poliomielite desde 1990. No ano de 1994, o país recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) a certificação de área livre de circulação do PVS.
No Estado, 538.868 crianças de 1 a 4 anos de idade estão aptas a receber a vacina de proteção contra a poliomielite. Nesta faixa etária, a imunização acontece de modo indiscriminado, ou seja, independentemente de situação vacinal anterior.
Já na estratégia de multivacinação, a população-alvo são crianças e adolescentes menores de 15 anos de idade (14 anos 11 meses e 29 dias), não vacinados ou com esquemas vacinais incompletos, de acordo com o Calendário Nacional de Vacinação.
Mães, pais, ou responsáveis precisam buscar os postos de saúde e pontos de vacinação nas cidades onde residente munidos da caderneta de vacinação das crianças e adolescentes para efetuar a proteção contra outras doenças imunopreveníveis, como: hepatites A e B, rotavírus humano, BCG, pneumocóccica, pentavalente, meningocócica, febre amarela, tríplice viral, varicela e DTP.
Em uma a cada 200 infecções, o vírus da poliomielite destrói partes do sistema nervoso e causa paralisia permanente nas pernas ou braços. Embora seja raro, o vírus pode atacar as partes do cérebro que ajudam a respirar, o que pode levar à morte.
A poliomielite pode causar paralisia irreversível (geralmente das pernas). Essa condição, por sinal, acomete uma em cada 200 infecções. Entre os que adoecem, 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios.
Podem receber a vacina contra poliomielite as crianças de 1 a 4 anos. Para que adquiram imunidade contra o poliovírus, é necessário que recebam várias doses da vacina.
Dois tipos de vacinas contra a poliomielite são usadas na Região das Américas: a vacina oral atenuada (OPV, por sua sigla em inglês) e a vacina injetável inativada (IPV).
A vacina OPV continha os três tipos de poliovírus. Após a declaração de erradicação do poliovírus selvagem tipo 2, em 2016, o sorotipo 2 foi retirado.
Apenas a vacina OPV com sorotipos 1 e 3, conhecida como bOPV, foi continuada. Os países estão substituindo gradualmente a vacina bOPV pela vacina IPV.
Duas a dez, em cada 100 crianças com poliomielite paralítica, morrem devido à paralisia que afeta os músculos que as ajudam a respirar.
Enquanto existir uma criança infectada, as demais, de todos os países, correm o risco de ter a poliomielite.
O reaparecimento da poliomielite, no atual cenário de baixas coberturas vacinais, é um fantasma que assombra o Brasil.
A poliomielite é uma doença altamente infecciosa causada por um vírus que invade o sistema nervoso e pode causar paralisia total em questão de horas.
O vírus é transmitido de pessoa a pessoa por via fecal-oral ou, menos frequentemente, por um meio comum (água ou alimentos contaminados, por exemplo) e se multiplica no intestino.
É importante suspeitar poliomielite em crianças não vacinadas ou parcialmente vacinadas com sintomas semelhantes aos da gripe (febre, dores musculares, dores de cabeça, falta de apetite) e que parecem estar se recuperando e se sentindo melhor, mas passados de dois a cinco dias, apresentam dor de cabeça, febre, dores musculares intensas, movimentos musculares involuntários e uma sensação de formigamento nas pernas ou braços.
Outro detalhe é que, de um a dois dias depois, há diminuição da força nas pernas ou braços e dificuldade para andar. A diminuição da força progride rapidamente para a paralisia, que geralmente é desigual entre os membros afetados.