NOVA ONDA COVID: subvariante BQ.1 da ômicron chegou em Pernambuco? Veja atualizações sobre o aumento de casos

O Lacen-PE enviou à Fiocruz Pernambuco amostras biológicas de pacientes que tiveram a covid-19 nos últimos dias
Cinthya Leite
Publicado em 07/11/2022 às 19:31
De 30 de outubro a 5 de novembro, foram realizado 2391 exames nos pontos de testagem do Recife. Desse total, 624 foram positivos para covid-19, deixando o índice de positividade em 26,1%. Foto: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM


Uma nova onda da pandemia de covid-19, que vem junto a duas novas subvariantes da ômicron (BQ.1 e XBB), passa por países da Europa, pela China, pelos Estados Unidos e começa a despontar no Brasil. 

O Rio de Janeiro já confirmou a circulação da ômicron BQ.1, assim como o Rio Grande do Sul.

O Estado de Pernambuco observa, nos últimos dias, um aumento na positividade para a covid-19 e na procura por testes que detectam a doença, mas ainda não se detectou a BQ.1 em território pernambucano. 

O Laboratório Central de Saúde Pública Dr. Milton Bezerra Sobral (Lacen-PE), que realiza testes de RT-PCR das amostras enviadas pelos hospitais de referência, unidades sentinela e também de exames aleatórios dos centros de testagem, já enviou ao Instituto Aggeu Magalhães (unidade da Fiocruz Pernambuco) amostras biológicas de pacientes que tiveram a covid-19 nos últimos dias

Será feito um sequenciamento genético dessas amostras, a fim de analisar se há presença de novas subvariantes da ômicron. 

SUBVARIANTE ÔMICRON BQ.1

Para o biomédico Marcelo Paiva, pesquisador da Fiocruz Pernambuco, o aumento recente no número de casos da covid-19, no Estado, pode estar relacionado à circulação da BQ.1, assim como tem ocorrido em outras localidades no mundo.

"Essa é uma hipótese muito plausível. Já vimos como essa história (ondas da pandemia) é contada. Há um padrão de ocorrência dos casos lá fora (no exterior) e, em seguida, o vírus começa a se propagar. Agora, há um protagonismo da BQ.1", diz Marcelo, responsável pelo sequenciamento genético de amostras biológicas de pacientes infectados pelo coronavírus na Fiocruz Pernambuco. 

Segundo Marcelo, o Lacen-PE enviou, na última sexta-feira (4), dezenas de amostras de pessoas com covid-19. O processamento foi iniciado nesta segunda-feira (7), e a expectativa é que os resultados dessa nova rodada sejam divulgados no próximo sábado (12)

"A circulação da BQ.1 é o que mais responderia a este aumento repentino no número de casos de covid-19. E isso não está registro a Pernambuco. Acontece em várias outras regiões", acrescenta Marcelo. 

Alguns especialistas acreditam que a transmissibilidade da BQ.1, assim como da XBB, tende a ser maior do que a de outras variantes em circulação já no Brasil. Mas ainda é cedo para bater o martelo sobre esse potencial de transmissão das duas novas subvariantes. 

"Entre os motivos que contribuem para o aumento no número de casos de covid-19, estão os bolsões da população de não vacinados, a baixa cobertura das doses de reforço em alguns grupos populacionais, o período curto de proteção das vacinas que usamos hoje, a retomada da flexibilização das medidas preventivas e as grandes mobilizações que foram realizadas no período de campanha eleitoral", diz a médica epidemiologista Ana Brito, da Fiocruz Pernambuco.

Ela ressalta a necessidade de se trabalhar atualmente com vacinas para além da cepa original do coronavírus, a de Wuhan (na China), já que o vírus passou por várias mutações, o que exige maior proteção contra a ômicron e as novas subvariantes. "Os testes dessas vacinas já estão em desenvolvimento."

Ao Estadão Conteúdo, o cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise da Covid-19, informou que as vacinas bivalentes da Pfizer têm a BA.1, a BA.4 e a BA.5 como alvo. "Por isso, elas poderiam, em tese, ajudar na prevenção contra a BQ.1, mas não temos nenhuma movimentação até o momento no Brasil para aplicação dessas vacinas."

Mas vale salientar que, mesmo as vacinas atuais contra covid-19 disponíveis no País terem desenvolvido anticorpos com menor potencial neutralizante contra a ômicron (e subvariantes), isso não quer dizer que esses imunizantes não protegem. No mundo, os vacinados de maneira geral não estão tendo doença grave, como tem acontecido com os não vacinados.

SUBVARIANTE ÔMICRON BQ.1 SINTOMAS 

A BQ.1 é derivada da variante ômicron. É a mesma cepa que circula atualmente na Europa e responsável por causar o incremento no volume de infecções em países como Alemanha e França.

SINTOMAS DA ÔMICRON BQ.1

Para a maioria dos pacientes, a manifestação dos sintomas se dá de forma semelhante a outras variantes. Entre os sintomas da subvariante BQ.1, estão dor de cabeça, tosse, febre, dor de garganta, cansaço, perda de olfato e paladar.

O médico pneumologista Isaac Secundo, do Real Instituto do Pulmão, confirma que o aumento do número de casos de covid-19 já é observado no dia a dia do consultório e do hospital. "Percebemos não apenas o crescimento na positividade para o coronavírus, mas também na internação de pacientes. A diferença do momento atual para as ondas anteriores é que não vemos mais uma gravidade imensa, especialmente entre os que estão vacinados com todas as doses disponíveis para a faixa etária", salienta Isaac. 

"Quando precisam ficar internados, os pacientes têm ido para apartamento, e não para leito de UTI (unidade de terapia intensiva)." O pneumologista acrescenta que, no Real Hospital Português (RHP), não se internavam pessoas com covid-19 até três semanas atrás. "Mas, de 15 dias para cá, temos uma média de cinco pacientes por dia que precisam ficar internados. Além disso, o hospital tem recebido de 80 a 90 pessoas diariamente na emergência de síndrome gripal", informa Isaac.  

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