Apesar de ser amplamente conhecido como o "hormônio do estresse", o cortisol atua em outras diversas funções complexas no organismo, sendo também responsável por regular o metabolismo, a resposta inflamatória do corpo e a função imunológica.
Assomasse à questão o efeito importante do hormônio no Sistema Nervoso Central (SNC), a nível da memória, atenção, sono, estado emocional, etc.
O cortisol também está relacionado com a produção de glicose (açúcar) pelo fígado e com o estímulo ao apetite, além de ter um profundo efeito anti-inflamatório e imunossupressor.
Por outro lado, os baixos níveis do hormônio podem estar relacionados com a Doença de Addison, e as altas taxas, com a Síndrome de Cushing.
As informações foram extraídas de um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), de Portugal.
A seguir, a médica Renata Carriço (CRM PE 24112) explica as relações do cortisol com a saúde e o bem-estar.
Cortisol e ciclo circadiano
O cortisol está relacionado ao ciclo circadiano - ritmo em que o organismo realiza funções ao longo do dia. O pico de secreção do hormônio ocorre por volta do acordar e diminui ao início da noite.
A regulação desse ritmo depende de estímulos internos, mas também pode ser afetada por fatores ambientais, como a luz.
A qualidade do sono também influencia os níveis de cortisol. Um dos fatores que mais piora a qualidade do descanso é o ruído durante a noite.
Cortisol: hormônio mil em um
O que é e como atua o hormônio?
Renata: O cortisol é um hormônio secretado pela glândula adrenal, um pequeno órgão localizado acima dos rins, que é extremamente importante para várias funções do organismo.
Ele atua desde o ciclo menstrual à regulação dos níveis de glicose, estresse e insulina. Ou seja, ele age em vários tipos de células e glândulas do corpo, regulando vários tipos de processos do metabolismo corporal.
Qual a relação do estresse com o cortisol?
R: Em pessoas muito estressadas, com altos níveis de ansiedade e nível basal de inflamação corporal, há a tendência de o cortisol se apresentar elevado no organismo.
O que acontece quando há altos níveis de cortisol?
R: É preciso ter uma boa regulação dos níveis de cortisol. Os níveis baixos também causam doenças, assim como as altas taxas.
O cortisol em níveis elevados tem uma tendência a causar uma inflamação basal corporal. Então, a gente pode ter um desbalanço do controle de produção e utilização da insulina e pode haver uma resistência à insulina, que pode levar a um quadro de diabetes em quem tem predisposição genética.
Além disso, pode haver irregularidades menstruais e uma outra série de problemas.
Quais os sintomas de cortisol alterado?
R: A alteração do cortisol em si não tem sintomas específicos. Os sinais do corpo fazem referência às repercussões do cortisol nos órgãos em que ele atua.
Algumas vitaminas podem regular o cortisol?
R: Não. Consumir vitaminas não auxilia na regulação do hormônio.
O que é bom para diminuir o cortisol?
R: É possível regular o nível de cortisol no organismo através de medidas simples. A primeira seria dormir o tempo necessário para se sentir descansado.
Tem pessoas que dormem cinco, seis ou oito horas para poder ficar bem durante o dia. Além do sono de qualidade, ter uma alimentação balanceada com exercícios físicos faz toda a diferença.
Até a meditação ajuda, assim como fazer caminhadas e sair com amigos. O controle do hormônio vai muito além de medicamentos. Aliás, manter um estilo de vida saudável gera uma manutenção do cortisol ainda melhor.
Fontes:
Oscilações do cortisol na depressão e sono/vigília (Eduardo Marinho Saraiva (Aluno da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP); J. M. Soares Fortunato (Regente de Fisiologia da FMUP) e Cristina Gavina (Regente de Fisiologia da FMUP).
Especialista entrevistado: Médica Renata Carriço (CRM PE 24112) - Clínica Médica.
*É importante consultar um médico especialista para o diagnóstico adequado. Esta matéria tem apenas fins educativos.