Uma dificuldade recorrente para evacuar, sensação de que ainda deveria eliminar mais fezes e um bolo fecal endurecido.
Esses são sinais comuns da constipação intestinal, um distúrbio que, de acordo com os médicos, atinge cerca de 20% da população e é mais comum entre mulheres e idosos.
A boa notícia é que a famosa “prisão de ventre” tem tratamento e, em muitos casos, pode ser revertida ou controlada com mudanças de hábitos no dia a dia.
- Antes de mais nada, é importante dizer que, para os médicos, a constipação intestinal se caracteriza quando se torna rotineiro para um indivíduo que a evacuação ocorra menos de três vezes por semana e quando, repetidamente, o esforço necessário para eliminação das fezes é grande demais.
Ou seja, aquelas pessoas que notam uma mudança intestinal quando estão em viagens, por exemplo, mas que voltam a evacuar normalmente quando retomam o cotidiano habitual não têm prisão de ventre.
“O paciente deverá procurar atendimento médico se tiver uma frequência evacuatória menor que 3 vezes por semana, se a constipação tiver surgido agudamente, associada a perda de peso ou presença de sangue nas fezes”, explica a médica Lilian Maia, do departamento de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Santa Joana, no Recife.
A especialista explica que a ocorrência da constipação intestinal pode estar associada a doenças funcionais do aparelho digestivo, mas também ser causada como consequência de doenças em outros sistemas, como sequelas de um AVE (Acidente Vascular Encefálico), da doença de Parkinson, do hipotireoidismo e da diabetes mellitus, por exemplo.
“Também existem diversas medicações que podem provocar constipação intestinal”, acrescenta dra. Lilian.
Como deve ser o tratamento para quem sofre com prisão de ventre, doutora?
A dra. Lilian Maia explica que o tratamento envolve reeducação nutricional, suplementação alimentar com fibras e, em alguns casos, o uso de laxantes.
“É importante também educar o paciente a respeitar os sinais do corpo, tentar evacuar após as refeições, principalmente no período da manhã, onde a motilidade intestinal está mais ativa”, responde a médica, lembrando que “existem causas reversíveis e outras que vão ser melhoradas com o tratamento adequado”.
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL É FUNDAMENTAL PARA MELHORIA DA CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
“Alimentação saudável é fundamental para o bom funcionamento do intestino. O consumo de alimentos industrializados, com alto valor calórico e reduzida quantidade de fibras são nocivos ao organismo. Então, uma dieta rica em fibra, pobre em alimentos industrializados, ingesta adequada de líquidos e prática de atividades físicas são os pilares do tratamento da constipação intestinal”, diz a médica.
Segundo a nutricionista Giovana Ramalho, em geral, o recomendado é que a dieta de um indivíduo adulto tenha entre 25 e 35g de fibra por dia. “Podendo encontrar em sua maioria na ameixa, tamarindo, laranja, abacaxi”, diz a especialista.
Giovana Ramalho elenca outros alimentos que podem ser incluídos na dieta, a fim de promover regularidade intestinal:
- feijão,
- lentilha,
- ervilha,
- grão-de-bico,
- arroz,
- milho,
- legumes e verduras,
- sementes de abóbora e girassol e
- manga.
Importância da água para o combate à prisão de ventre
“Para o bom funcionamento do intestino, a água entra como uma espécie de ‘’lubrificante’’ do bolo fecal, facilitando sua saída. Ingerir mais fibras e não beber água o suficiente, pode gerar o efeito contrário!! A sugestão de água para um indivíduo adulto é cerca de 35ml para cada kg de peso, por dia”, destaca a nutricionista Giovana Ramalho.
Vale ressaltar que essa quantidade de água é considerada o padrão, mas pode sofrer modificações, a depender do quadro e das características pessoais do paciente.
Pessoas com insuficiência renal, por exemplo, devem seguir um cálculo diferente. Por isso, o acompanhamento nutricional individualizado é tão importante.
Que papel desempenham os probióticos na saúde intestinal?
“Os probióticos são conhecidas como as ‘’bactérias boas’’ do nosso intestino e quando estão em equilíbrio, fazem nosso intestino funcionar. Podem ser ingeridos através de iogurtes naturais, kefir, kombucha, ou até mesmo os probióticos suplementados de acordo com prescrição médica ou de nutricionista”, responde a nutricionista.
O que não devemos comer?
De acordo com a nutricionista, há alimentos que devem ser evitados. “Principalmente alimentos industrializados (ultraprocessados) que por conter muito conservante, alteram o microbioma intestinal favorecendo a constipação”, explica Giovana.
Existem soluções caseiras para aliviar a prisão de ventre?
“A primeira de todas é aumentar a ingestão de água e praticar atividade física! O exercício aumenta o peristaltismo intestinal, favorecendo o fluxo das fezes. Como chás, o mais indicado é o Sene, devido à sua propriedade laxativa”, afirma Giovana.
Constipação intestinal deve ser tratada!
A médica Lilian Maia alerta, por fim, que quando não é tratada corretamente, a prisão de ventre pode levar a impactos negativos na qualidade de vida.
“É a queixa mais comum nos consultórios de Gastroenterologia. A constipação intestinal pode complicar com surgimentos de doenças oficiais (como hemorroidas e fissuras anais) e impactação fecal”, diz a médica, detalhando, ainda, que a constipação intestinal não é considerada um fator de risco direto para surgimento de câncer colorretal.