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Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe
TABAGISMO

CIGARRO VAPE: Adolescentes que vivem nas REDES SOCIAIS têm mais chance de fumar cigarro eletrônico

Pais devem estar atentos e estimular outras atividades fora das telas e ter mais cuidado com os conteúdos que os filhos acessam

Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 08/11/2023 às 16:27 | Atualizado em 08/11/2023 às 16:31
Atualmente, sabe-se que o cigarro eletrônico está associado a doenças e riscos similares aos do cigarro comum, como asma e enfisema pulmonar - FREEPIK/BANCO DE IMAGENS

Com informações da Agência Einstein

Um novo estudo da Universidade Yale, nos Estados Unidos, sugere que adolescentes que vivem nas redes sociais são mais suscetíveis a experimentar cigarros eletrônicos.

O assunto foi levantado em artigo publicado periódico científico Preventing Chronic Disease, financiado pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC, sigla em inglês para o serviço americano dos Estados Unidos que cuida da prevenção e controle de doenças).

Esse é um tema que tem preocupado, cada vez mais, as autoridades sanitárias, os profissionais de saúde e as famílias de jovens, inclusive no Brasil. 

Crianças, adolescentes e jovens têm contato cada vez mais cedo com fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis, especialmente o tabagismo.

No País, a maioria dos adolescentes que fuma regularmente começou antes dos 19 anos de idade. Por esse motivo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o tabagismo uma doença pediátrica.

Vale frisar que a comercialização, a importação e a propaganda de qualquer dispositivo eletrônico para fumar, conhecidos como cigarro eletrônico, são proibidas no Brasil.

Os autores do artigo publicado no periódico científico Preventing Chronic Disease destacam que há muita informação sobre cigarros disponível na internet, mas pouco se sabe sobre a influência do mundo virtual no fumo em jovens.

Para descobrir essa relação, eles avaliaram dados de mais de 7 mil adolescentes, entre 12 e 16 anos, participantes do Population Assessment of Tobacco and Health (PATH), um estudo longitudinal que avalia o impacto do tabaco na saúde dos americanos.

O levantamento foi feito em dois momentos, de 2016 a 2018 e entre os anos de 2018 e 2019. Nenhum dos voluntários tinha provado vape (como é chamado também o cigarro eletrônico) na avaliação inicial.

Passado um ano, aqueles que usavam mídias sociais diariamente apresentaram três vezes mais risco de experimentar cigarro eletrônico, comparado a quem não tinha esse hábito.

Os cientistas ressaltam que há muito conteúdo em que os cigarros eletrônicos costumam ser apresentados como algo glamouroso, saudável e seguro. Isso, somado ao uso pelos colegas, levaria a uma maior suscetibilidade para experimentar. No entanto, eles não constataram uma associação direta com a continuidade do uso do cigarro.

"Um dos principais perigos das redes sociais é justamente a exposição a informações midiáticas e chamativas, nem sempre com dados informativos de prós e contras. Crianças e adolescentes podem não ter a maturidade para saber o quanto isso é prejudicial", diz a psicóloga Caroline Nóbrega, do Hospital Israelita Albert Einstein.

"O vape está muito relacionado a festas, a algo ‘descolado’, e esse conteúdo desperta curiosidade e vontade de experimentar até em busca de aceitação social", acrescenta Caroline. 

Por outro lado, tanto a experimentação quanto a dependência estão associadas a diversos fatores, sendo um deles o estilo parental.

"É importante que os pais tentem acompanhar os conteúdos e orientar para que os filhos possam usar as redes sociais com limites e de forma saudável", orienta a psicóloga. "É preciso conscientizar, mas sempre explicando os motivos, e não simplesmente proibir ou ser excessivamente rígido. Isso não funciona."

Além disso, promover atividades em família e estimular outros interesses extracurriculares podem ajudar a proteger contra os riscos do excesso das telas.

"Se o adolescente ficar ocioso, vai achar algo para ocupar o tempo. As redes sociais apresentam um mundo paralelo de coisas prazerosas, e a própria exposição excessiva a telas também já pode ser um vício", alerta a especialista.

Atualmente, sabe-se que o cigarro eletrônico está associado a doenças e riscos similares aos do cigarro comum, como asma e enfisema pulmonar. Também pode gerar lesões agudas nos pulmões, e o uso pode provocar alterações nos vasos sanguíneos que aumentam o risco cardiovascular. O famoso vapor também contém substâncias cancerígenas. 

QUAIS AS SUBSTÂNCIAS DO CIGARRO ELETRÔNICO?

Os cigarros eletrônicos, também conhecidos como vape, possuem quantidades variáveis de nicotina e outras substâncias tóxicas. Isso torna as emissões prejudiciais tanto para quem faz o uso direto quanto para quem é exposto aos aerossóis. Mesmo alguns produtos que alegam não conter nicotina podem, na verdade, apresentar essa substância em sua composição, e suas emissões são nocivas.

A nicotina causa dependência e pode afetar negativamente o desenvolvimento cerebral de crianças e adolescentes, ao impactar no aprendizado e na saúde mental. As evidências apontam também que os jovens que usam cigarros eletrônicos têm duas vezes mais chances de se tornar fumantes na vida adulta.

Tanto os cigarros eletrônicos como os cigarros convencionais de tabaco apresentam riscos para a saúde. A abordagem mais segura é não usar nenhum deles.

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