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Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe
MENINGITE

Meningite em adultos: segunda morte é confirmada na faixa etária, em 2023, em Pernambuco; total de óbitos sobe para três

Casos de meningite em adultos têm chamado a atenção porque, no Brasil, a doença é mais frequente no primeiro ano de vida. Mas pessoas não vacinadas, de qualquer idade, são vulneráveis à infecção

Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 09/11/2023 às 12:07
Meningite é a inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal - FREEPIK/BANCO DE IMAGENS

Uma mulher de 57 anos, que morava no município de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, morreu em decorrência de complicações causadas pela meningite (inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal).

O óbito foi confirmado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE). A morte ocorreu no dia 23 de outubro deste ano e consta no boletim epidemiológico sobre a doença. 

De acordo com a SES-PE, a mulher não tinha registro de doenças preexistentes. O teste laboratorial confirmou a infecção por bactéria, com resultado detectável para Neisseria meningitidis.

É o terceiro óbito de 2023 causado por meningite em Pernambuco

O primeiro óbito do ano foi um menino de 4 anos, que morreu pelo agravamento causado pelo sorogrupo B. Ele também morava em Jaboatão dos Guararapes.  

O segundo foi uma mulher de 39 anos, que residia no município de Arcoverde, no Sertão de Pernambuco. 

A SES-PE reforça que a doença meningocócica é endêmica e, para a diminuição de casos, foi instituída a vacina meningo C (que é o tipo mais frequente) em 2010.

"A meningo C foi iniciada para crianças e, logo após, viu-se a importância de contemplar os adolescentes - faixas etárias que impactaram na diminuição de casos e óbitos da doença. Pela idade da pessoa (mulher de 39 anos que foi a óbito em Arcoverde), ela não fazia parte da faixa etária contemplada pela vacinação (contra o meningococo C)."

Sobre o terceiro óbito, a SES-PE ainda não informou o sorogrupo.  

Os casos de meningite em adultos têm chamado a atenção porque, no Brasil, a doença é mais frequente no primeiro ano de vida. Mas pessoas não vacinadas, de qualquer idade, são vulneráveis à infecção. 

"Com a introdução, em 2010, da vacina meningocócica C, percebemos que há agora um desvio de faixa etária dos infectados pelo meningococo. Ou seja, a maioria dos menores de 13 anos está protegida com a vacina e, por isso, o agente (meningococo C) deixa de ser o principal causador da doença nessa faixa etária. Com isso, ele vai repercutir entre não vacinados, que são os adultos jovens", explica o médico Eduardo Jorge da Fonseca Lima, pesquisador do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip). 

O médico alerta que, diante do cenário de desvio de faixa etária da meningite, a ampliação da cobertura vacinal de meningo C para pessoas de 15 a 40 anos seria uma medida essencial

Atualmente o Programa Nacional de Imunizações (PNI) disponibiliza três doses da vacina meningocócica C na infância: aos 3 e 5 meses, além de um reforço aos 12 meses.

Para adolescentes, uma dose é oferecida entre os 11 e 12 anos (como reforço ou dose única, a depender da situação vacinal).

Médico Eduardo Jorge orienta que, diante do cenário de desvio de faixa etária da meningite, a ampliação da cobertura vacinal de meningo C para pessoas de 15 a 40 anos seria uma medida essencial - SÉRGIO BERNARDO/ACERVO JC IMAGEM

MENINGITE C: O EXEMPLO DE MINAS GERAIS  

"Minas Gerais fez a ampliação da cobertura vacinal de meningo C recentemente. O Estado tinha doses sobrando, com prazo de validade curto, e imunizou os adultos", diz Eduardo Jorge. 

A ação, em Minas Gerais, iniciada no fim de 2022, considerou as baixas coberturas vacinais em crianças, além de otimizar o uso das doses do imunizante contra a meningite C.

A primeira ampliação, em Minas Gerais, contemplou a imunização seletiva da população não vacinada de 16 a 30 anos de idade, dos trabalhadores de saúde não vacinados de 16 anos ou mais de idade, dos trabalhadores da educação do ensino superior e técnico com 16 anos ou mais, não vacinados e com avaliação do cartão de vacina e da população não vacinada, com avaliação do cartão de vacina, de estudantes universitários.

Em março deste ano, aconteceu a segunda ampliação, que incluiu todos os trabalhadores da educação. No fim de março, todas as pessoas não vacinadas com 16 anos ou mais foram autorizadas a se imunizar contra a meningite C em Minas Gerais

MENINGITE: NÚMEROS DE 2023 JÁ SUPERAM TODO O ANO DE 2022 EM PERNAMBUCO

Os números de 2023 (casos notificados e confirmados, além de óbitos por meningite) já superam, em Pernambuco, os que foram registrados em todo o ano de 2022.

Em 2023, até a semana epidemiológica 43 (até 28 de outubro), foram notificados 30 casos de doença
meningocócica, segundo boletim da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE).

Desse total, 18 casos foram confirmados, 8 descartados e 4 estão em investigação.

No mesmo período em 2022, foram notificados 17 casos, 11 foram confirmados e 06 descartados. Em todo o ano de 2022, foram notificados 20 casos de doença meningocócica. Desses, 13 foram confirmados e 7 descartados.

Em 2023, até o momento, houve registro de três óbitos pela doença: um menino de 4 anos, residente no município de Jaboatão dos Guararapes (Grande Recife), e uma mulher de 39 anos, que morava na cidade de Arcoverde, no Sertão de Pernambuco. No ano de 2022, não houve óbito.

VACINA CONTRA MENINGITE C

Desde 2010 no Brasil, com a introdução da vacina contra a meningite C no calendário infantil do Programa Nacional de Imunizações (PNI), o número de casos de todos os tipos de meningite caiu quase três vezes no País, e o de casos do tipo C caiu quase quatro vezes.

O sorogrupo B é atualmente o mais predominante entre crianças. Em todas as faixas etárias, é o segundo - atrás do C e à frente do W e do Y. O tipo A não acontece mais no Brasil.

TRANSMISSÃO DA MENINGITE 

O meningococo é transmitido por meio de secreções respiratórias e da saliva, durante contato próximo ou demorado com a pessoa infectada, especialmente entre pessoas que vivem na mesma casa.

Os ambientes com aglomeração de pessoas oferecem maior risco de transmissão e contribuem para desencadear surtos. 

A evolução da doença meningocócica é muito rápida, com o surgimento abrupto de sintomas como febre alta e repentina, intensa dor de cabeça, rigidez do pescoço, vômitos e, em alguns casos, sensibilidade à luz (fotofobia) e confusão mental.

A disseminação do meningococo pelos vasos sanguíneos pode produzir manchas vermelhas na pele (petéquias, equimoses) e até necroses, que podem levar à amputação do membro acometido.

TRATAMENTO DA MENINGITE E RISCO DE MORTE 

O tratamento da doença meningocócica é feito com antibióticos e outras medidas de preservação do equilíbrio do organismo, em Unidade de Terapia Intensiva isolada.

O risco de morte pela doença é alto: 10% a 20%, podendo chegar a 70%, se a infecção for generalizada (meningococcemia).

Entre os sobreviventes, cerca de 10% a 20% ficam com sequelas como surdez, cegueira, problemas neurológicos e membros amputados. 

 

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