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DIABETES

Diabético pode fazer jejum intermitente? Veja recomendações

Saiba se diabéticos podem ou não fazer o jejum intermitente

Cadastrado por

Flávio Oliveira

Publicado em 01/03/2024 às 8:35
Veja novo avanço no estudo da diabetes tipo 1 para o controle da glicose alta
Veja novo avanço no estudo da diabetes tipo 1 para o controle da glicose alta - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O jejum intermitente, uma prática que intercala períodos de jejum com momentos específicos para alimentação, tornou-se incrivelmente popular entre os brasileiros. No entanto, também é uma das abordagens mais controversas em termos de dieta, sobretudo quando associada aos diabéticos.

Enquanto alguns condenam o método drástico de passar longos períodos sem comer, outros afirmam que é um dos regimes mais eficazes e saudáveis disponíveis.

Jejum intermitente é seguro?

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Adelaide e do Instituto de Pesquisa em Saúde e Medicina do Sul da Austrália, ambos na Oceania, e publicado na revista Nature Medicine, revelou que o jejum intermitente pode ser mais benéfico na redução do risco de diabetes tipo 2 do que uma dieta comum de restrição calórica.

O diabetes tipo 2, vale lembrar, ocorre quando as células do corpo não respondem efetivamente à insulina ou quando o corpo perde a capacidade de produzir esse hormônio, responsável pelo controle da glicose no sangue.

O estudo, envolvendo 209 voluntários, descobriu que aqueles que seguiram um padrão de três dias de jejum não consecutivos — com uma janela de alimentação restrita das 8h às 12h — apresentaram maior tolerância à glicose após seis meses do que aqueles em uma dieta diária de baixa caloria.

"Os participantes que adotaram o jejum intermitente mostraram-se mais sensíveis à insulina e também experimentaram uma maior redução nos lipídios sanguíneos do que aqueles na dieta de baixa caloria", explicou Leonie Heilbronn, uma das autoras do estudo e professora da Escola de Medicina da Universidade de Adelaide.

Outro estudo, realizado por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, concluiu que o jejum intermitente pode ajudar a retardar o aparecimento do Alzheimer.

Diabetes tipo 2

Uma característica dessa doença neurodegenerativa é a perturbação do ritmo circadiano do corpo, o relógio biológico interno que regula muitos processos fisiológicos. Cerca de 80% das pessoas com Alzheimer enfrentam problemas relacionados a esse ciclo, como dificuldade para dormir e piora da função cognitiva à noite.

Publicado na revista científica Cell Metabolism, o estudo mostrou que os pesquisadores conseguiram corrigir o ciclo circadiano de ratos por meio de uma alimentação com restrição de tempo, um tipo de jejum intermitente que limita a janela diária de alimentação sem reduzir a quantidade de alimentos consumidos.

Os roedores alimentados com restrição de tempo mostraram melhorias na memória e redução no acúmulo de proteínas amiloides no cérebro. Os autores esperam que essas descobertas levem a ensaios clínicos em humanos.

Cuidados e contraindicações

No entanto, é importante considerar as contraindicações do jejum intermitente. A maioria dos estudos sobre o assunto foi realizada em modelos animais e os riscos potenciais dessa dieta não foram suficientemente estudados.

Longos períodos de jejum podem levar à hipoglicemia, ou seja, à redução dos níveis de glicose no sangue, tornando o jejum intermitente inadequado para certos grupos, como gestantes, lactantes, crianças, adolescentes, idosos e pacientes com diabetes tipo 1. Além disso, pessoas imunocomprometidas devem evitar esse protocolo.

Quanto aos horários das refeições, estudos recentes sugerem que é tão importante quanto escolher o que comer durante a janela de alimentação. Comer durante o dia, especialmente de manhã até o final da tarde, pode contribuir para a perda de peso e melhorar a sensibilidade à insulina. Iniciar uma janela de alimentação à tarde e terminá-la à noite pode não trazer os mesmos benefícios.

Ou seja, embora o jejum intermitente tenha sido associado a vários benefícios à saúde, é fundamental considerar as contraindicações e os possíveis riscos antes de adotá-lo. O acompanhamento profissional é essencial para garantir que o paciente receba os nutrientes necessários e para adaptar a prática às necessidades individuais.

*Com informações de ABESO

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