A compreensão dos fatores que influenciam os níveis de glicose no sangue vai além da simples análise da alimentação.
Embora a dieta desempenhe um papel fundamental, uma série de outros elementos pode afetar significativamente o controle da glicemia em indivíduos, especialmente aqueles que lidam com condições como o diabetes.
1. Impacto do estresse
O estresse pode complicar diversos aspectos da vida, incluindo o controle do diabetes. Quando uma pessoa está sob estresse, o corpo libera hormônios como cortisol, adrenalina e noradrenalina, que podem aumentar os níveis de glicose no sangue.
Embora esse aumento seja uma resposta natural do corpo a situações de ameaça ou perigo, em pessoas com diabetes, pode representar um problema se não for gerenciado adequadamente.
2. Influência dos medicamentos
Diversos medicamentos têm o potencial de afetar diretamente o controle da glicose no sangue. Corticosteroides, por exemplo, prescritos para tratar inflamações e outras condições, podem elevar os níveis de açúcar no sangue. Os diuréticos, utilizados para eliminar o excesso de líquidos do corpo, também podem aumentar a glicemia em algumas pessoas.
Betabloqueadores, comumente indicados para tratar hipertensão e outras condições, podem mascarar os sintomas de hipoglicemia, dificultando o controle da glicose. Antidepressivos, como os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs), podem aumentar o risco de hipoglicemia. Já os antipsicóticos, usados no tratamento de distúrbios psiquiátricos, podem elevar a resistência à insulina e, consequentemente, os níveis de glicose no sangue. Mesmo os contraceptivos orais, como algumas pílulas anticoncepcionais, podem provocar aumento da glicemia em algumas mulheres.
É essencial salientar que nem todas as pessoas que fazem uso desses medicamentos terão problemas no controle da glicose. Contudo, se você está em tratamento para diabetes e utiliza algum desses medicamentos, é fundamental dialogar com seu médico para avaliar se há necessidade de ajustar a dose ou optar por uma alternativa medicamentosa.
3. Gripes ou infecções
Durante doenças como gripes ou infecções, o controle glicêmico pode ser afetado, levando a elevações nos níveis de glicose. Além disso, a falta de atividade física também pode resultar em aumento da glicemia.
Para pessoas com diabetes cuja rotina inclui regularmente atividade física como parte do tratamento, a adaptação na dosagem da insulina basal pode ser necessária quando a atividade física não é realizada, a fim de evitar elevações excessivas da glicose.
4. Impacto do sono
O sono desempenha um papel crucial na regulação da glicose. De acordo com um estudo publicado na revista científica Diabetes Care em 2015, intitulado "Sleep Duration and Glycemic Control in Patients With Diabetes Mellitus Type 2: A Meta-analysis", a qualidade e duração do sono podem influenciar significativamente o controle da glicemia em pacientes com diabetes tipo 2.
Essa meta-análise, que compreendeu 10 estudos envolvendo um total de 447 participantes com diabetes tipo 2, revelou que uma duração insuficiente do sono estava correlacionada a níveis mais elevados de hemoglobina glicada (HbA1c), um importante marcador do controle glicêmico a longo prazo. Os resultados indicaram que uma duração do sono inferior a seis horas por noite poderia resultar em um aumento de 1,4% na HbA1c, representando um risco significativo para o desenvolvimento de complicações diabéticas.
Ademais, os autores do estudo sugeriram que a má qualidade do sono, como frequentes despertares durante a noite ou apneia do sono, também poderia contribuir para o aumento da glicemia. Assim, garantir um sono adequado em qualidade e duração pode ser uma estratégia relevante para auxiliar no controle da glicemia em pacientes com diabetes tipo 2.
*Com informações de IG