O homem acusado de assassinar a menina Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, ficou em silêncio durante o interrogatório ocorrido na manhã desta quinta-feira (15) no Fórum de Petrolina, no Sertão de Pernambuco. Antes dele, uma testemunha de defesa foi ouvida na segunda audiência de instrução e julgamento do caso.
No começo de janeiro de 2022, ou seja, há quase um ano, Marcelo da Silva foi identificado por meio do cruzamento de DNA, a partir das amostras coletadas na faca usada no crime, que aconteceu no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora em 10 de dezembro de 2015. Depois disso, a polícia foi até o presídio onde Marcelo estava, no Agreste do Estado, e ele confessou o homicídio.
No entanto, como estratégia da defesa, o réu ficou em silêncio desta vez.
Antes de Marcelo da Silva, a testemunha de defesa que não havia sido encontrada para a primeira audiência foi ouvida. Trata-se de uma pessoa em situação de rua que chegou a ser investigada pela polícia, mas, ao longo do inquérito, a suspeita de envolvimento dela na morte de Beatriz foi descartada. O advogado Rafael Nunes, que defende o réu, insistia nesse depoimento.
De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), no final da audiência a defesa do réu pediu vista dos autos para se manifestar no prazo de 48 horas e requerer diligências, ou seja, a produção de outras provas. É mais uma manobra para atrasar o andamento do processo.
Após a realização das diligências e manifestações das partes (Ministério Público, assistente de acusação e advogado de defesa), haverá decisão da juíza Elane Brandão Ribeiro a respeito da submissão ou não do réu ao júri popular - não há prazo estimado.
"Estaremos cobrando todo dia a celeridade (do processo). Não vamos admitir qualquer tentativa de atrasar o júri", afirmou a mãe de Beatriz, Lucinha Mota, durante uma live logo após a segunda audiência.
Na semana passada, a Justiça negou o pedido de adiamento da segunda audiência. A solicitação havia sido feita pelo advogado de Marcelo da Silva. O réu permanece preso preventivamente no Presídio de Igarassu, no Grande Recife.
O advogado Rafael Nunes, que representa o réu, alegou à Justiça que irá participar de outras audiências, em datas próximas, impedindo o deslocamento dele para Petrolina na data marcada. Mas a juíza não aceitou a mudança da data e propôs que ele participe por meio de videoconferência. Sem sucesso, o advogado acabou comparecendo ao Fórum.
Na primeira audiência do Caso Beatriz, que aconteceu nos dias 22 e 23 de novembro, oito testemunhas de acusação e seis de defesa foram ouvidas.
Marcelo da Silva responde pelo crime de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, com emprego de meio cruel e mediante dissimulação, recurso que dificultou a defesa da vítima).
Em depoimento à polícia gravado em vídeo, em janeiro, Marcelo contou que havia entrado no colégio, onde ocorria uma festa de formatura, para conseguir dinheiro.
Beatriz, que havia saído da quadra esportiva para beber água, teria começado a gritar ao perceber a presença do acusado próximo a ela. Ele, então, teria levado a menina até uma sala isolada, onde praticou o crime. Ele contou que fez isso para que ela parasse de gritar.
A descoberta do assassino ocorreu duas semanas após os pais de Beatriz caminharem por 23 dias, de Petrolina até o Recife, para cobrar justiça. A caminhada, que encontrou apoiadores em todas as cidades, teve repercussão nacional e expôs a demora da polícia para solucionar o crime.
Além da ouvida do acusado, outras provas, como uma reprodução simulada na instituição de ensino, foram produzidas para a conclusão das investigações.