Um empresário austríaco, dono de uma pousada no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, foi preso em flagrante pelos crimes de injúria racial e lesão corporal. O suspeito já foi condenado por homicídio motivado por homofobia (Leia mais abaixo)
Segundo as investigações, Alfred Hartner, de 62 anos, teria xingado uma funcionária de "gorda, preta e safada" durante uma discussão na última quinta-feira (4). Uma hóspede da pousada, que tentou defender a vítima, afirmou à polícia que foi mordida em um dos dedos pelo empresário.
Quando a Polícia Militar chegou ao local, a hóspede de 29 anos, que é natural de Santa Catarina e estava passando férias no Recife, foi encontrada com o dedo sangrando. Ela relatou que o empresário fez xingamentos em alemão e que a discussão começou em um corredor da pousada.
A funcionária e o empresário foram levados para a Central de Plantões da Capital, no bairro de Campo Grande. Já a hóspede seguiu para a UPA da Imbiribeira, onde recebeu atendimento por causa dos ferimentos.
Em depoimento à polícia, a funcionária de 27 anos confirmou que sofreu as agressões verbais. Disse que não sofreu violência física.
Segundo ela, a confusão começou porque o empresário questionou o fato de ela ter tirado R$ 100 do caixa da pousada. Ela alegou que a quantia foi referente ao pagamento do expediente dado no feriado de 1º de maio, Dia do Trabalhador.
Por causa disso, ainda de acordo com a funcionária, o empresário teria se revoltado, dito que quem mandava no estabelecimento era ele e começou a xingá-la.
O empresário, também em depoimento, confirmou a versão da discussão por causa do dinheiro, mas negou ter xingado a funcionária.
Ele foi autuado em flagrante encaminhado para a audiência de custódia, que aconteceu no dia seguinte.
Na audiência de custódia, o Ministério Público deu parecer pela conversão da prisão em flagrante rm preventiva. Já a defesa do empresário pediu a concessão da liberdade provisória sem fiança e com aplicação de medidas cautelares.
A juíza Mariana Daher Teixeira concordou com o Ministério Público e decidiu pela prisão preventiva do suspeito.
"Não é possível a concessão da liberdade provisória ao autuado, com ou sem fiança, sendo inadequadas e insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão", disse na decisão.
"O autuado é contumaz em suas condutas contra a vítima, demonstrando, ainda, periculosidade concreta, tendo em vista que, além de sua conduta praticada contra a vítima, proferiu ameaças posteriores de forma contínua e, ainda, contra a segunda vítima (hóspede), agiu com bastante agressividade, tendo inclusive mordido o dedo desta e o lesionado, tudo conforme consta dos autos", descreveu a magistrada.
O empresário foi encaminhado ao Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima.
A coluna Segurança não conseguiu contato com a defesa do empresário.
Em 2018, Alfred Hartner foi condenado a 12 anos de prisão pelo assassinato do engenheiro Alison Pereira, ocorrido dez anos antes, no Bar Bamboo, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. De acordo com as investigações, o crime foi praticado por homofobia. O alemão Hans Herman também foi condenado.
A polícia apontou que o engenheiro foi espancado e estrangulado após discussão e luta corporal com os dois estrangeiros. Ele sofreu uma fratura cervical provocada por um golpe do tipo gravata.
O empresário estava recorrendo da sentença em liberdade.