A poucos meses de completar três anos à frente da prefeitura do Recife, João Campos deve, finalmente, lançar um programa de segurança cidadã para contribuir com ações de combate à violência na capital pernambucana.
Projetos de prevenção são mais que necessários para tirar os jovens da situação de vulnerabilidade e tentar barrar o avanço da criminalidade no Recife. Estatísticas da Secretaria Estadual de Defesa Social (SDS) apontam que, de janeiro a julho de 2023, a polícia somou 341 mortes violentas na capital. Quase 62% das vítimas tinha entre 18 e 34 anos.
Em relação ao mesmo período do ano passado, quando 326 pessoas morreram, houve aumento de 4,6% nas ocorrências em 2023. Além disso, o resultado apresentado até agora é o pior resultado desde 2018. Naquele ano, nos sete primeiros meses, a polícia registrou 359 mortes.
Os crimes violentos contra o patrimônio também cresceram no Recife. De janeiro a julho deste ano, 11.523 queixas de roubos foram registradas pela polícia. No mesmo período de 2022, foram 11.115.
Diferentemente de Geraldo Julio, que lançou o Pacto pela Vida do Recife no primeiro ano à frente da Prefeitura do Recife, João Campos ainda não apresentou um plano de segurança para a capital. A responsabilidade do combate à violência não pode ficar apenas nas costas do governo estadual - que está em fase de execução do Juntos pela Segurança. As prefeituras, de fato, também precisam colaborar com as ações preventivas.
Com o empréstimo do BNDES, assinado na última sexta-feira (11), a promessa da prefeitura é de investimentos para a área por meio do novo programa denominado Recife Segurança Cidadã.
De acordo com a gestão municipal, o programa ainda não tem data para ser lançado. Mas o prefeito assegurou R$ 188 milhões. Deste total, R$ 169 milhões são advindos do Governo Federal e R$ 19 milhões de contrapartida da prefeitura. O dinheiro será investido na construção de quatro Centros Comunitários da Paz (Compaz), quatro Centros Arrecife e na sede do Centro de Operações do Recife (COP).
O Compaz é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Segurança Cidadã, que pouco se movimentou nos últimos anos. Serão erguidas unidades nos bairros da Várzea e Totó, na Zona Oeste, e no Ibura e Pina, na Zona Sul. Estes dois últimos, com as obras em andamento, devem ter a construção acelerada com o empréstimo do BNDES, e devem ser entregues ainda este ano.
No Compaz, a população vai contar com serviços prioritários de atendimento básico, como Procon, Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Central de CadÚnico, Junta Militar e Atendimento à Mulher.
O equipamento também vai proporcionar projetos para fortalecer o social e o pedagógico voltados para cidadania, cultura de paz e não violência, por meio de salas de estudos no contraturno escolar, Unidades de Tecnologia na Educação e Cidadania, espaço para a primeira infância, bebeteca (espaço de leitura especialmente voltado para bebês), atividades esportivas e culturais, danças, artes e multidisciplinares.
Atualmente, a capital conta com quatro unidades em funcionamento: Compaz Governador Eduardo Campos, no Alto Santa Terezinha; Compaz Escritor Ariano Suassuna, no bairro do Cordeiro; Compaz Governador Miguel Arraes, na Caxangá; e Compaz Dom Hélder Câmara, na comunidade do Coque, em Joana Bezerra.
Todos os quatro foram inaugurados nos oito anos de gestão Geraldo Julio. A promessa, no entanto, era de criar cinco unidades em quatro anos. Na prática, poucas promessas do Pacto pela Vida do Recife foram cumpridas.
A Prefeitura do Recife também promete construir quatro Centros Arrecifes. Tratam-se de ambientes integrados que irão conectar processos de escuta e diálogo continuados nas comunidades.
No espaço, a população terá acesso a serviços do CRAS, do Núcleo Municipal de Prevenção e Mediação de Conflitos Comunitária e do projeto Geração Juventudes, realizados respectivamente pelas secretarias executivas da Assistências Social, de Direitos Humanos e de Juventude.
O Recife Segurança Cidadã prevê a construção da sede do Centro de Operações Recife, que vai funcionar no Bairro do Recife. Lançado este ano, o espaço articula as ações de 13 secretarias e órgãos municipais que atuam nos grandes eventos que impactam a cidade e no gerenciamento de crises, com respostas imediatas especialmente em situações de emergência como chuvas, deslizamentos e ocorrências de trânsito.
O objetivo é integrar o trabalho dos servidores para aumentar a eficiência das ações. Representantes de áreas como Defesa Civil, Samu, Guarda Municipal, Assistência Social, Emlurb, Controle Urbano, Assistência Militar e Saúde se reúnem numa sala equipada com painéis para monitorar a situação e agilizar o atendimento às ocorrências.