As investigações sobre o assassinato do juiz Paulo Torres Pereira da Silva, de 69 anos, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), ainda não foram concluídas pela Polícia Civil, que mantém mistério sobre o caso. Neste domingo (19), o crime completa um mês.
Apesar de a assessoria da Polícia Civil já ter divulgado que o magistrado foi vítima de latrocínio (roubo seguido de morte), o delegado Roberto Ferreira, titular da 12ª Delegacia de Homicídios, se mantém em silêncio sobre o andamento do inquérito, que, por lei, deveria ter sido concluído em 30 dias. O prazo pode ser prorrogado, caso a autoridade policial faça a solicitação.
O juiz Paulo Torres foi morto com um tiro na cabeça na noite do dia 19 de outubro de 2023. Ele dirigia o carro, a cerca de 300 metros da casa dele, no bairro de Candeias, Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, quando foi abordado por criminosos, que desceram de outro carro.
Imagens de câmeras de segurança registraram a abordagem. Em outro momento, conforme o vídeo, o carro dirigido pelo magistrado bate em um muro. A polícia acredita que isso ocorreu logo após a vítima ser atingida pelo tiro.
No começo da investigação, cogitou-se que o crime poderia ter sido uma execução e que a motivação poderia estar relacionada ao trabalho exercido pelo magistrado, que julga processos de disputa de terra. A declaração foi dada por um parente da vítima.
SUSPEITOS FORAM PRESOS
Quatro dias após o crime, três suspeitos foram presos na praia de Enseada dos Corais, no Cabo de Santo Agostinho: Kauã Vinícius Alves da Rocha, de 19 anos, Esdras Ferreira de Lima, 21, e Alcides da Silva Medeiros Júnior, 20.
Segundo as investigações iniciais, apenas Kauã teria participado da abordagem ao juiz. Os outros dois estariam descaracterizando o carro usado no crime. Este veículo, inclusive, havia sido roubado no dia 3 de outubro no Cabo de Santo Agostinho.
Apesar disso, todos foram autuados em flagrante pelos crimes latrocínio e associação criminosa. E foram encaminhados para o Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima.
Dias depois, um adolescente de 17 anos se apresentou à polícia e confessou que estava no momento do latrocínio do juiz. Ele contou que não teria saído do carro para abordá-lo. O rapaz foi apreendido e encaminhado para Centro de Internação Provisória (Cenip).
No dia 7 de novembro, outro suspeito se entregou, porque já havia um mandado de prisão contra ele. O nome e idade não foram revelados.
Por meio de nota, a assessoria da Polícia Civil informou que "irá se manifestar após a conclusão do inquérito policial".
A investigação também é acompanhada pelo Departamento de Segurança Institucional do Poder Judiciário, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e por uma força-tarefa formada por promotores do Ministério Público de Pernambuco.
JUIZ TERIA REAGIDO
Segundo depoimento de um dos suspeito à polícia, os criminosos anunciaram o assalto logo após se aproximarem do carro do juiz. Mas a vítima teria se negado a sair do veículo.
Um dos assaltantes teria ameaçado atirar, e o juiz teria respondido que não fizessem isso, pois "todo mundo iria ouvir".
O outro criminoso teria começado a apalpar o motorista a fim de identificar se ele não estava armado. Foi nesse momento que o magistrado teria tentado sair com o carro e acabou atingido por um tiro na cabeça. Os assaltantes teriam voltado para o carro usado na abordagem e fugido.
VEJA O VÍDEO DO MOMENTO:
30 ANOS DE MAGISTRATURA
Paulo Torres Pereira da Silva estava na magistratura há mais de três décadas.
Ele era titular da 21ª Vara Cível da Capital.
Torres tomou posse na magistratura pernambucana em 25 de abril de 1989. Ele foi nomeado magistrado, em virtude de aprovação em concurso público de provas e títulos para exercer o cargo de juiz de direito, na Comarca de Verdejante.
Em 1991, Paulo assumiu a 2ª Vara da Comarca de Salgueiro. Ele também atuou como juiz das Comarcas de Serrita, São José do Belmonte, Parnamirim, Belém de São Francisco e Escada. Em 1993, o magistrado atuou na Comarca de Jaboatão dos Guararapes. Em seguida, atuou na Comarca do Cabo de Santo Agostinho.
A chegada à Comarca da Capital aconteceu em 1994. No Recife, foi juiz na 8ª Vara Cível, na 1ª Vara da Fazenda Municipal e no I Juizado Especial de Pequenas Causas do bairro do Rosarinho. Atuou também nas 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 10ª, 13ª, 16ª, 17ª e 18ª Varas Cíveis da Capital.