SEGURANÇA PÚBLICA

Prefeitura do Recife silencia sobre requerimento para que Guarda Municipal seja armada

Dois dias após Câmara de Vereadores aprovar pedido para que profissionais portem arma de fogo durante expediente, gestão municipal ainda não se pronunciou sobre o assunto

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Raphael Guerra

Publicado em 15/05/2024 às 11:01 | Atualizado em 15/05/2024 às 13:51

Dois dias após a Câmara de Vereadores do Recife aprovar um requerimento solicitando que o prefeito João Campos autorize a Guarda Municipal a portar arma de fogo durante o expediente, a gestão municipal segue em silêncio sobre o assunto.

Provocada pelo JC deste a última segunda-feira (13), quando o requerimento foi aprovado com 15 votos dos vereadores, a Prefeitura do Recife ainda não declarou se manterá a decisão de não armar a guarda ou se poderá voltar a discutir o assunto, como forma de contribuir para a redução da violência, que segue em alta. 

Na semana passada, houve troca de titularidade na Secretaria de Segurança Cidadã do Recife. Murilo Cavalcanti, que sempre foi contrário ao uso de armas de fogo, foi substituído por Gabriel Cavalcante, que era presidente da Junta Comercial e Empresarial de Pernambuco (Jucepe). O novo secretário ainda não opinou publicamente sobre o assunto.

O requerimento nº 4273/2024 é de autoria do vereador Alcides Cardoso (PL), que destacou, em caso de adoção, o efetivo da Guarda Municipal passará por treinamento adequado para o uso das armas de fogo. O parlamentar pontuou que a medida dará mais segurança não só à população, mas também aos profissionais. 

O vereador Ivan Moraes (PSOL) disse ser contrário à adoção da arma de fogo. "Cabe ao município outras tarefas diversas que a de realizar o poder coercitivo do Estado, porque isso quem realiza é a Polícia Militar", declarou, durante a votação. 

Em pelo menos 20 capitais do País, a Guarda Municipal já atua armada. Recife é a única do Nordeste que não aderiu. O Sindicato dos Guardas Municipais, Subinspetores, Inspetores e Agentes de Trânsito do Recife (Sindguardas) já informou que a categoria quer usar arma de fogo. 

"Estamos hoje em vários logradouros públicos, principalmente as praças. Estamos para fazer um trabalho de segurança sem ter condições de garantir nossa própria segurança. E isso é muito perigoso. Temos, hoje, 1.700 profissionais desarmados, sem poder prestar esse serviço à sociedade. Sem o armamento, a gente não consegue fazer a segurança nem do patrimônio público, nem das pessoas", disse a presidente da entidade, Marília Viana, em entrevista à Rádio Jornal, nesta quarta-feira (15). 

SECRETÁRIO ESTADUAL APOIA ARMAR A GUARDA

Nessa terça-feira (14), questionado pelo JC, o secretário estadual de Defesa Social, Alessandro Carvalho, reiterou que apoia a medida como forma de contribuir para o combate aos crimes. 

"Falei sobre isso recentemente e minha opinião permanece a mesma. A decisão de armar a Guarda cabe ao prefeito, mas considero importante.  Toda a ajuda é bem-vinda", disse Carvalho. 

Para o secretário estadual, o uso de arma de fogo pelos guardas municipais vai ajudar a inibir a ação dos criminosos nos equipamentos públicos. Ele ressaltou ainda que eventuais casos de excessos praticados por guardas poderão ser punidos por meio de investigações conduzidas pela Corregedoria da própria Guarda Municipal. 

Recentemente o governo do Estado criou um grupo de trabalho para discutir ações integradas entre as polícias e municípios, com propostas e metas de redução da violência. A Prefeitura do Recife não demonstrou interesse em participar do desenvolvimento do projeto de governança

ESTATÍSTICAS DA VIOLÊNCIA NO RECIFE

De acordo com estatísticas da Secretaria de Defesa Social (SDS), 6.156 crimes violentos contra o patrimônio foram registrados na capital pernambucana entre janeiro e abril deste ano. No mesmo período de 2023, foram 7.240 queixas. Apesar da redução dessa modalidade criminosa, os assassinatos cresceram. 

No primeiro quadrimestre deste ano, 280 pessoas foram mortas. Já no mesmo período de 2023, foram 197. O aumento foi de 42,1%. 

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