Quando surgiu o termo, e bandas, indie, se costumava ler nos jornais sobre grupinhos obscuros, com discos lançados por selos ainda mais desconhecidos. A BOB nem com este status chegou a ser divulgada fora da Inglaterra (no Brasil então é completamente ignorada). O grupo foi criado, em Londres, em 1985, por Simon Armstrong (guitarra, vocais), Richard Blackborow (teclados, guitarrras e vocais), e depois Jem Morris (contrabaixo), e uma bateria eletrônica.
Com esta formação lançaram um flex-disc (um disquinho feito de uma variedade de vinil, flexivel, e muito frágil, mas apropriado para ser encartado em revistas). John Peel, o célebre radialista da BBC, que catapultou dezenas de bandas à fama, conheceu a BOB numa loja da primeira grande gravadora indie, a Rough Trade, e passou a tocá-lo em seu programa. A BOB gravou boa parte dos singles pela Rough Trade, que distribuía mal seus contratados.
Nem John Peeel foi suficiente para a BOB estourar. O grupo roçou as paradas, mas nunca teve um hit que a tornasse conhecida fora da Inglaterra. lançou o primeiro álbum, uma mal ajambrada coletânea, Swag Sacks, em 1988, e Leave the Straight Life Behind, em 1991. Ambos por selos pequenos. O segundo, de fato o álbum de estreia, a música trafega totalmente na contramão, num ano em que o grunge era o estilo da vez, com o surgimento de bandas de estilo crossover, feito o Red Hot Chili Peppers ou Faith No More, numa mistura apimentada de funk e rock and roll.
A BOB faz também um crossover de pop melodioso, com batidas dançantes, mas não eletrônicas, harmonia vocais, e arranjos simples e engenhosos. Uma espécie de The Police menos pretensioso, e com um pegada punk. O nome? No inicio chamavam-se Beast of Boredom (Feras do Tédio). Mas descobriram que, nos EUA, havia um Beasts of Bourbon. Passaram a ser B.O.B. Cansado de explicar as iniciais, decidiram por BOB,
Há dois anos, foi lançado um álbum duplo, BOB EPs and Singles, com praticamente tudo gravado pelo grupo. O álbum é puxado por Convenience, uma canção se curte feito um sorvete, não enche barriga, é só uma forma de ocupar o tempo com algo leve, inofensivo e irresistível. São canções, em sua maioria contagiantes, umas meio datadas, por tantas voltas e reviravoltas dadas pela música pop ao longo destas mais de três décadas. Mas em tempos sombrios, é um disco luminosos, raios solares do começo ao fim.