Depois da vizinha Maragogi, em Alagoas, reabrir as praias e retomar os passeios náuticos às piscinas naturais na sexta-feira (17), a cidade de São José da Coroa Grande, última do Litoral Sul de Pernambuco, decidiu seguir o mesmo caminho.
A partir desta segunda-feira (20), turistas e moradores da região podem voltar a frequentar a orla para fazer caminhadas e praticar esportes individuais, tomar banho de mar e nadar com os peixinhos próximo aos bancos de areia. A visita à Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais já havia sido autorizada na semana passada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), cabendo a cada município definir as regras de acesso.
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"Nosso diferencial é ter praias mais tranquilas que as de outros destinos mais badalados. Aqui é mais fácil manter o distanciamento social com segurança, sem aglomerações", diz o secretário de Turismo da cidade, Sérgio Aroucha.
O gestor lembra que, assim como em boa parte do Estado, os bares e restaurantes também já estão autorizados a operar, mas não ainda na faixa de areia. Da mesma forma, não está permitido levar coolers, cadeiras e guarda-sóis. "Vamos fazer um retorno devagar, com muito cuidado", observa.
Cautela também é a palavra de ordem que tem sido utilizada pelos empresários para definir este momento de retomada das atividades e convivência com a covid-19. No caso dos catamarãs, a capacidade de transporte deverá ser reduzida em pelo menos 40%, para garantir o afastamento entre grupos no interior das embarcações. Equipamentos de mergulho, como o snorkel, não serão mais oferecidos por enquanto. A ideia é que o cliente se responsabilize pelos seus objetos de uso pessoal.
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As regras fazem parte de um protocolo específico desenvolvido para o segmento, por iniciativa da proprietária do catamarã Amazônia Azul e presidente da Associação do Trade Turístico Coroense (ATTCOR), Michele Belo. Na sua embarcação, o número de passageiros por saída, antes de 54, agora será de 32. "Já temos o selo do Ministério do Turismo e da Instância de Governança Turística Histórica, Arrecifes e Manguezais (Igram). Estamos aguardando o do governo do Estado e também vamos investir em uma certificação auditada", resume.
Michele conta que buscou ajuda do Sebrae ao avaliar que as normas gerais estabelecidas para o setor não contemplavam situações próprias da rotina dos passeios náuticos. "Precisava saber o que fazer, por exemplo, caso identificasse algum passageiro com sintoma ou como os marinheiros poderiam dar apoio a pessoas idosas, o que é comum para elas subirem no barco, evitando uma possível contaminação. Queria um protocolo rigoroso que me desse respostas para o dia a dia de uma embarcação", frisa.
A solução veio com o apoio do consultor Francisco Carlos Silva, através do programa subsidiado Sebrae Express, voltado a auxiliar os empreendedores na oferta de serviços com foco em prevenção durante o contexto da pandemia.
O próximo passo para garantir o rigor dos procedimentos, conta, é assegurar uma certificação de validade internacional, via FCconsult, o que só ocorre após a inspeção in loco do cumprimento das normas por um auditor membro do International Register of Certificated Auditors (IRCA), sediado em Londres. "Para isso, continuamos com a consultoria de Francisco, que tem ampla experiência em acreditação e é sócio de uma empresa em Portugal", detalha. Estima-se que a avaliação ocorra em setembro.
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É o tempo para que os dez catamarãs autorizados a operar em São José da Coroa Grande se adaptem ao novo protocolo. Caso das embarcações mantidas pelos receptivos Pé na Areia e Miráculo, que já se comprometeram com as normas, assim como o ZonMar. "Voltamos à água esta semana com 50% da capacidade", anuncia o proprietário, Breno Sanguinetti.
Enquanto os barcos cuidam dos últimos ajustes, os turistas começam a chegar. Segundo Michele Belo, já há grupos agendados para os próximos três meses, inclusive de fora do Nordeste. A empresária tem consciência, no entanto, de que a manutenção desse fluxo e a retomada sustentável do turismo só ocorrerá se empresas e visitantes assumirem sua responsabilidade para evitar a propagação do novo coronavírus. "Em certo momento, achei que este ano seria perdido, mas nos surpreendemos com a procura e buscamos nos preparar. Agora é manter o cuidado", afirma, acreditando que será possível atingir até 70% da movimentação pré-pandemia ainda em 2020.