Crise para uns, oportunidade para outros. Enquanto companhias aéreas de todo o mundo sofrem os impactos da covid-19, com prejuízos diários e demissões em massa, a ITA Transportes Aéreos, braço de aviação do grupo capixaba Itapemirim, abriu nesta sexta-feira (9) um processo seletivo para contratar 600 funcionários.
As vagas são para comandantes, copilotos, comissários, agentes de aeroportos e mecânicos, entre outros cargos. Nas três primeiras horas de início do recrutamento, a empresa já havia registrado 4.300 inscritos. A perspectiva é chegar a oito mil profissionais no banco de talentos.
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Para cada função, há exigências específicas, mas todos os interessados devem se cadastrar inicialmente no site e anexar o currículo. Na etapa seguinte, serão realizadas a prova com 100 perguntas e a análise da experiência do candidato.
Segundo o CEO do Grupo Itapemirim, Rodrigo Vilaça, não há limite de idade para a seleção, que será contínua, uma vez que a empresa pretende aumentar o quadro de colaboradores no ritmo do seu crescimento. As avaliações terão validade de pelo menos um ano e as primeiras efetivações ocorrem já em novembro. A empresa, entretanto, não divulgou as faixas de salário.
ESTREIA
A meta da ITA é começar a voar a partir da última semana de março de 2021 apenas dentro do Brasil. Por enquanto, não há projeto de atuação internacional. Ao longo do próximo ano, a empresa espera contar com dez aeronaves Airbus 320, três delas previstas para serem entregues ainda em 2020. A operação de cada jato "amarelo ouro", marca da Itapemirim desde a frota de ônibus, exige a alocação de 67 profissionais. De acordo com o plano de negócios do grupo, em três anos seriam 56 aviões e cerca de 3.752 trabalhadores.
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Para que as projeções se concretizem, a nova companhia depende de autorizações da Anac. No momento, segundo Vilaça, a ITA está na segunda fase, de um total de cinco processadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Nos três primeiros estágios, a agência analisa a solicitação formal e a documentação entregue. A partir da quarta etapa, são feitas inspeções das bases de operações, manutenção e voos de avaliação, entre outros procedimentos que habilitam a operação para ser certificada na quinta e última fase, quando ocorre a publicação da concessão.
Na atual configuração submetida à agência, a ITA prevê atuação em 16 aeroportos, com hubs inicialmente em quatro: Guarulhos (SP), Brasília, Galeão (Rio de Janeiro) e algum terminal do Nordeste ainda não determinado. Questionado se o do Recife está entre as possibilidades, o CEO da companhia revela que mantém conversas e negociações com a Aena, administradora do aeroporto, e com outros operadores aeroportuários da região. "Nossa empresa tem origem no trânsito de pessoas entre o Nordeste o Sudeste. Por isso, tanto Recife, quanto Salvador, Fortaleza, Juazeiro e Petrolina, fazem parte do nosso horizonte", despista Vilaça, justificando que a informação é estratégica e só será divulgada "na hora oportuna".
O executivo afirma que o cenário de turbulência trazido pelo coronavírus não assusta, apesar de a Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) prever a recuperação total do setor somente em dez anos. "A pandemia foi a oportunidade de sairmos do ambiente regional para o nacional. Há muita oferta de aviões e o turismo dentro do País vai crescer muito. Como a empresa é nova, não carregamos uma estrutura grande e pesada já estabelecida. O custo das nossas operações é diferente. Nosso ambiente é de crescimento", pontua.
Vilaça diz, ainda, que a saída da Avianca do mercado também abriu espaço para uma nova entrante, embora não tenha influenciado a decisão do investimento. "De toda forma seríamos regionais. A pandemia foi que embaralhou tudo e nos apontou um novo caminho nacional", reforça o executivo, que também é responsável pelas Relações Institucionais da FGV Transportes.
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A ITA foi anunciada em fevereiro e os detalhes da operação, em agosto. Até então, falava-se de um aporte de US$ 500 milhões de um fundo dos Emirados Árabes Unidos, que não se confirmou. Vilaça conta que mantém negociações com outros fundos do país e viaja, inclusive, para Dubai neste domingo (11) para se reunir com possíveis investidores. O controle da empresa no momento é de Sidnei Piva, que financia com capital próprio a empresa, ao lado de 49 atuais colaboradores.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
A empresa de aviação faz parte dos planos de recuperação judicial do Grupo Itapemirim, embora, segundo Vilaça, a Ita Transportes Aéreos esteja dissociada do processo e livre de qualquer dívida. Em julho de 2017, o grupo já havia tentado comprar a Passaredo (hoje VoePass), mas a venda foi cancelada em setembro porque a Itapemirim descumpriu condições estabelecidas em contrato.
Agora, a empresa garante estar cumprindo todas as determinações previstas na recuperação judicial, sobretudo o pagamento das dívidas trabalhistas a 2.260 credores, que somam R$ 51,8 milhões, dos quais falta quitar R$ 34,8 milhões.
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As próximas etapas incluem investimentos tanto no transporte rodoviário de passageiros e cargas quanto no ferroviário, VLT, no segmento de pneus, em empreendimentos imobiliários, industriais e até na criação de um banco, com anúncio previsto ainda para este ano.
O diferencial da ITA, ressalta Vilaça, será justamente a sinergia entre todos os negócios. "Somente no rodoviário, temos 67 bases operacionais e passamos por 2.700 cidades. A combinação de todos esses modais nos permitirá um posicionamento completamente distinto ao que há hoje no mercado", projeta.
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