Enquanto Hollywood está parada, devido ao novo coronavírus, a Netflix registrou um crescimento recorde. Mas será que a plataforma terá conteúdo suficiente para manter essa tendência?
A gigante do streaming anunciou nesta semana que terminou de gravar a maioria de seus filmes e séries pendentes para este ano, minimizando as preocupações de que sucessos como "Tiger King" possam acabar, ou que lançamentos como a próxima "Unorthodox" possam atrasar.
Leia também: Netflix anuncia diminuição da qualidade de streaming em razão do coronavírus
Leia também: Netflix: Informação de acesso grátis na plataforma durante a pandemia de coronavírus é falsa
"A maior parte de nossa lista de séries e filmes para 2020 está gravada e está em pós-produção a distância em lugares de todo mundo", afirmou o chefe de conteúdo Ted Sarandos.
"Na verdade, estamos muito concentrados no nosso catálogo de 2021, por isso, não estamos antecipando nenhum movimento", completou.
Mas mesmo o fluxo de conteúdo da Netflix pode acabar se este confinamento sem precedentes, que ninguém poderia prever, se estender por mais tempo.
Ter uma programação nova e original é fundamental no atrativo da Netflix, diferentemente de outras plataformas como Disney+, que conta com o invejável catálogo de 80 anos do estúdio de Mickey Mouse.
Nesse sentido, e em meio à guerra do streaming, a Netflix perdeu clássicos como "Friends" e "The Office", que agora estarão disponíveis nos rivais HBO Max e Peacock (NBCUniversal), respectivamente.
Isso também afeta o atraso nos lançamentos de filmes no verão do hemisfério norte, o que significa que estarão disponíveis mais tarde nas plataformas.
A Netflix também tem a seu favor sua capacidade de encontrar novas formas de continuar produzindo conteúdo.
Graças a sua rápida expansão global, a plataforma está agora aumentando a produção em países que estão levantando as restrições, como Islândia e Coreia do Sul, enquanto Hollywood permanece fechada.
"A marca Netflix é global. Poderiam facilmente comprar sua própria ilha e, sinceramente, filmar lá", afirmou à AFP o analista Jeff Bock, da empresa Exhibitor Relations.
Também teve sucesso com reality shows como "Casamento às Cegas" e "Brincando com Fogo", que exigem uma infraestrutura de menor produção e com tempos de filmagem mais rápidos.
"Muitas distribuidoras de conteúdo estão estudando (usar documentários) no curto prazo, para preencher algumas dessas lacunas" na programação, destacou o diretor de pesquisa da consultoria especializada Parks Associates, Steve Nason.
"A Netflix já fez isso", apontou.
"Se a interrupção da produção se prolongar entre nove e 12 meses, todo mundo sairá prejudicado", acrescentou. "Mas, se comparada com alguns de seus concorrentes, a Netflix estará em melhor forma", completou Nason. Melhor forma