Associações do audiovisual lançam carta contra nomeação de amiga de Mário Frias

A cirugiã-dentista Edianne Paulo de Abreu assumiu a coordenação do Centro Técnico Audiovisual (CTAv), mesmo sem possuir qualquer experiência no setor
Rostand Tiago
Publicado em 21/09/2020 às 12:28
EDIANNE ABREU SE MOSTROU AMIGA PESSOAL DE MÁRIO FRIAS EM POSTAGENS NAS REDES Foto: INSTAGRAM/REPRODUÇÃO


A Associação Brasileira de Preservação Audiovisual lançou uma carta aberta, divulgada em suas redes sociais, criticando decisões tomadas nos últimos meses pela Secretaria do Audiovisual (SAv), ligada à Secretaria de Cultura, que por sua vez faz parte do Ministério do Turismo. As críticas foram direcionadas à dois episódios: a tomada das chaves da Cinemateca Brasileira, que corre riscos enquanto o governo não define seus rumos administrativo. A segunda motivação foi nomeação da dentista Edianne Paulo de Abreu para coordenar o Centro Técnico Audiovisual (CTAv), responsável pelo apoio técnico, com equipamentos e serviços disponibilizados para o setor. O documento foi assinado por outras 16 entidades.

"As duas entidades pertencentes ao Ministério do Turismo, responsáveis pela preservação do patrimônio audiovisual brasileiro estão com as suas estruturas de gestão fragilizadas. De um lado, um órgão público sem comando especializado, nem recursos para gerir o maior acervo audiovisual do país; de outro, uma instituição que passa a ser comandada por uma profissional sem conhecimento e preparo técnicos específicos para gerir um órgão com tamanha complexidade e importância", diz a carta.

Edianne assumiu o CTAv no último dia 16, conforme consta no Diário Oficial da União. Em 2018, ela foi candidata à deputada federal pelo Partido Social Liberal (PSL), mas sem sucesso. Em seu currículo, constam experiências enquanto cirurgiã-dentista, sem qualquer ligação com o audiovisual. Em postagens nas redes sociais, ela aparece como amiga de Mário Frias, secretário especial da Cultura, pasta a qual o CTAv é subordinada.

Eles destacam a história e a importância do CTAv, fundado em 1985 por meio de uma parceria entre a extinta Empresa Brasileira de Filmes S/A (Embrafilme) e o National Film Board do Canadá, empenhado em "apoiar, capacitar, difundir e preservar o audiovisual brasileiro". A carta também ressalta o acervo que o Centro abriga, com mais de 6 mil títulos e 30 mil rolos de filme, além de outros milhares de negativos e cartazes. Boa parte da obra de Humberto Mauro, talvez o principal pioneiro do cinema brasileiro, está lá. Levando em conta esse cenário, a nomeação de uma pessoa sem experiência na área preocupa os signatários da carta.

"Não é somente a preservação audiovisual que se fragiliza neste momento, mas toda a cadeia da produção audiovisual brasileira se vê em risco. A ausência de ações concretas para a resolução do vácuo administrativo da Cinemateca Brasileira e a nomeação de uma coordenadora sem experiência para a gestão do CTAv fragilizam o audiovisual brasileiro", segue o documento. Em seu último parágrafo, há um apelo pela nomeação de caráter técnico para a gestão desses órgãos.

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