Daniel Ferreira
Publicado em 23/09/2020 às 16:45
BTS. Anote esse nome, afinal, ele acaba de entrar para a história da música pop. Em mais uma conquista, o grupo de garotos atingiu o topo da Billboard Hot 100, um dos principais charts do mercado fonográfico. A canção Dynamite, primeira totalmente cantada em inglês pelos rapazes, fez jus ao legado construído e cravou a primeira posição da parada.
O acontecimento entra para a lista de méritos do boygroup, que possui milhões de fãs ao redor do mundo e vem quebrando uma sequência de recordes. Entre os mais recentes, está o #1 no iTunes em 103 países, número superior ao da cantora inglesa Adele com sua faixa Hello, lançada em 2015. Acontece que, por mais que a sigla BTS possa parecer nova para alguns, ela já está ativa há cerca de 7 anos.
Nomes como o também grupo de kpop Blackpink, Taylor Swift e os lendários Beatles viram seus registros históricos serem ultrapassados pelos queridinhos da geração atual. É fato. BTS cruzou a ponte que liga o Ocidente ao Oriente, antes bloqueada, e vem firmando-se como uma grande potência musical mundial. Não acredita? Pois o mesmo palco que já teve Britney Spears, Lady Gaga e Michael Jackson performando, abrigou RM, V, Suga, Jimin, Jungkook, J-Hope e Jin na última edição do Video Music Awards. Eles, inclusive, levaram para casa os prêmios de Melhor Coreografia, Melhor Pop, Melhor Kpop e Melhor Grupo, numa disputa que contava com figuras pesadas e reconhecidas.
O sucesso do grupo parece até inexplicável. Como eles chegaram ao topo sendo que não eram conhecidos nem no próprio país de origem? O sonho de muitos, tornou-se realidade para o BTS. A fórmula certa para isso, os fãs arriscam dizer, pode ser encontrada em outros que tentam a sorte na música. “Talento e dedicação”, define Miguel Rodrigues, 19.
Ele conheceu o grupo ainda no seu período de estudante do ensino médio. Hoje, na graduação, ele não larga seus gostos musicais e continua acompanhando o BTS. “Mudaram minha vida em meados de 2017, quando lançaram o álbum You Never Walk Alone. Eu estava passando por uma fase difícil, e ouvir as músicas me deram um sentido pra resistir diante de todos os problemas naquele tempo. BTS é muito especial pra mim, não só por causa dos membros, mas também a forma como eles tratam a realidade da geração Z”, comenta.
O diferencial do grupo é justamente esse. A relação que os integrantes firmaram com seus fãs foi essencial para se tornarem o que são hoje. Músicas que puxam para o lado emocional e da auto-aceitação, sem dúvidas, foram e continuam sendo essenciais na carreira deles.
“Hoje, é muito comum que os adolescentes vivenciem a depressão por estarem isolados do mundo, e eles abordam justamente isso. Os grupos de ARMY’s estão sempre se movimentando nas redes sociais para ajudar causas diversas, isso é muito interessante e mostra o incentivo de BTS na vida de cada adolescente”, relata Miguel, referindo-se aos fãs dos garotos.
Visão parecida é a da estudante Maria Clara Trajano, 18. Ela garante que, apesar do grupo ter conseguido destaque na mídia norte-americana recentemente, a estreia não aconteceu meses atrás. “Cinco anos de carreira e muito trabalho”, fala. Clara assume não acompanhar o grupo com tanto afinco como quando tinha seus 14 anos de idade, mas ainda nutre carinho e opina sobre o principal motivo do sucesso deles.
“Comecei a conhecê-los melhor porque faziam muitas referências literárias, filosóficas etc. nos conceitos e nos videoclipes. Eu achei muito inteligente, porque até 2017 nenhum grupo fazia isso, e foi justamente quando começaram a chamar mais atenção do mercado ocidental. Além do talento, o BTS foi muito criativo e muito certeiro em relação a como usar essa criatividade, por isso estouraram tanto”, afirma.
“Eu também acho que existe um fenômeno muito grande aqui no ocidente em relação a boybands desde os Beatles. A gente passou pelos Beatles, NSYNC, Backstreet Boys e One Direction. Quando a One DIrection se separou, acho que ficou uma carência de uma boyband grande no mercado ocidental, que foi bem quando o BTS começou a investir mais em alcançar o público daqui. Então, acho que as duas coisas acabaram se unindo, tanto que muito do público mais velho do BTS é fã da One Direction”, pontuou a estudante. Apesar disso, ela ressalta que nem todo fã de BTS seja fã do One Direction.
Mas, talvez, a grande sacada da Big Hit Entertainment, empresa responsável por gerir a carreira do grupo, tenha sido se estabelecer nacionalmente antes de tentar novas oportunidades. Aqui no Brasil podemos destacar a cantora Anitta, que iniciou no funk, partiu para o pop e hoje investe nos gêneros latinos. Apesar de não lançar mais tantas canções em portugues, seus números ainda são surpreendentes e suas letras permanecem vivas nas mentes e línguas do público alvo.
Acontece que receitas, como as de bolo, não são suficientes para a certeza de sucesso; Muito menos talento e carisma garantem boas posições nos charts. O BTS provou que uma boa estratégia pode transformar pocket shows em turnês em estádios.
Mídias digitais, relações com os fãs - que tornam-se divulgador do conteúdo - e assuntos em alta foram os divisores de água do grupo, que se continuar assim, ainda tem muito para conquistar.