Chico Science é homenageado em descoberta de nova espécie de camarão

Crustáceo com cerca de 1cm foi encontrado nos recifes entre Suape e Praia dos Carneiros
JC
Publicado em 15/10/2020 às 13:18
Espécie Chicosciencea pernambucensis foi descoberta por por pesquisadores ligados ao Laboratório de Biologia de Crustáceos do Departamento de Zoologia UFPE, com a colaboração do Laboratório de Carcinologia da UFRGS Foto: UFPE/Divulgação


Chicosciencea pernambucensis é o nome científico do nova gênero de camarão descoberta no litoral Sul, nos recifes entre Suape e Praia dos Carneiros, pelo pesquisador Gabriel Lucas Bochini, em colaboração de Andressa Cunha e Alexandre Oliveira, ambos da UFPE, e Mariana Terossi, da UFRGS. A escolha do nome é uma tentativa de aproximar a ciência e a cultura popular, ao mesmo tempo em que homenageia o cantor e compositor Chico Science, que com sua “parabólica enfiada na lama” propagou os sons, os ritmos e os costumes de Pernambuco através de sua música, explorando a tecnologia que tinha em mãos.
A descoberta dos pesquisadores ligados ao Laboratório de Biologia de Crustáceos do Departamento de Zoologia UFPE foi divulgada no artigo científico A new genus and species from Brazil of the resurrected family Macromaxillocarididae Alvarez, Iliffe & Villalobos, 2006 and a worldwide list of Stenopodidea (Decapoda), publicado pela revista científica Journal of Crustacean Biology da Universidade de Oxford, no último mês de setembro. O Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) também esteve envolvido no achado.
Amostras de camarões recolhidas em “armadilhas” postas nas regiões de Suape e Praia dos Carneiros foram estudadas por Bochini, Andressa e Adriana. A espécie de cerca de 1cm chamou a atenção. Amostras do tecido do abdome do animal foram enviadas para análise no Laboratório de Carcinologia da UFRGS.
O estudo de identificação da espécie partiu de um trabalho de pós-doutorado, com bolsa oferecida pela Facepe e pelo CNPq, do pesquisador Gabriel Lucas Bochini e que contou com a colaboração de Andressa Cunha e Alexandre Oliveira, ambos da UFPE, e Mariana Terossi, da UFRGS.
Neste trabalho, os pesquisadores analisaram amostras de camarões recolhidas em “armadilhas” postas nas regiões de Suape e Praia dos Carneiros. Em ambas as regiões, foi encontrado um camarãozinho, com cerca de 1cm, que os pesquisadores pensaram se tratar de uma nova espécie. Para comprovar as suspeitas, amostras do tecido do abdome do animal foram enviadas para análise no Laboratório de Carcinologia da UFRGS.
De acordo com os pesquisadores, os camarões encontrados apresentavam uma combinação de características de forma que a diferenciavam das demais espécies da infraordem Stenopodidea. Após um sequenciamento de DNA, feito pela professora Mariana Terossi, foi descoberto que o bichinho inseria-se, também, em “um novo grau de classificação acima da ‘espécie’, que pode ser formado por uma ou mais delas, desde que se compartilhe características básicas entre ambas”, segundo explica Alexandre Oliveira.
O primeiro nome, “Chicosciencea”, identifica o gênero, enquanto o segundo, “Pernambucensis”, indica a espécie. Como podem existir mais de uma espécie dentro da categoria gênero, é possível que outros “Chicosciencea” possam vir a ser descobertos. Contudo, as informações sobre a espécie ainda são poucas. O pesquisador Alexandre Oliveira explica que, “por enquanto, só temos as informações mais básicas sobre ela: sua existência e que ela pode ocorrer em diversas partes do mar do Nordeste brasileiro”. Mais pesquisas devem ser feitas no futuro para explicar a importância dela para aquele ecossistema, status de extinção, etc.
Um último adendo feito por Alexandre Oliveira é de que a descoberta do camarão ocorreu antes do vazamento de óleo que atingiu o litoral do Nordeste. Muitas espécies marítimas foram afetadas pela catástrofe, e o camarão pode ser uma delas. Porém, assim como são necessárias novas pesquisas para conhecer mais do crustáceo, também será preciso realizar novos estudos que indicarão de que forma esse triste fenômeno afetou a nova espécie e em que grau.

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