Em um ano completamente atípico em virtude de uma pandemia, poucas coisas têm sensibilizado o País inteiro, principalmente quando o conteúdo é relacionado à TV aberta - veículo esse que tem sido descreditado ferozmente em seu jornalismo ou, até mesmo, sendo rotulado de ultrapassado por estarmos "na era do streaming". Mas desde o último domingo (1), uma onda de quase unanimidade virou assunto dentro e fora da telinha: a tristeza pela perda do Tom Veiga, o intérprete do Louro José, vítima de um AVC hemorrágico em sua casa, no Rio de Janeiro.
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Utilizo o termo "quase unanimidade" no parágrafo de abertura porque, para alguns - em uma insensível minoria - não entenderam tamanha comoção entre famosos e anônimos com a morte de um homem que dava vida e voz a um boneco de espuma que, durante 24 anos, foi o fiel escudeiro da apresentadora Ana Maria Braga, desde os tempos de Record até a última sexta-feira (30/11), nas manhãs da TV Globo, no Mais Você.
Embora pouco tenha sido falado e registrado antes do triste episódio, o fato é que Louro José transcendeu o conceito "fantoche de programa matinal". Assim como a "mãe" do personagem bem destacou no programa em sua homenagem na última segunda (2), o Louro era uma pessoa de muita personalidade. Independente dos rumos que a atração tomou nessas duas décadas no ar, de uma coisa o grande público tinha certeza: o papagaio sempre estaria ali com Ana Maria Braga, seja a auxiliando em cena, ou trazendo um comentário mais ousado, tamanha a rapidez de raciocínio e a audácia do "animal".
A morte de Tom Veiga, além de surpreender a todos, evidenciou a importância de alguém que era mais que coadjuvante no Mais Você. Poucas vezes roteirizado, Louro José era um coapresentador de mão cheia, se tornando um personagem único na TV brasileira, fazendo história tanto na longevidade, quanto na originalidade, além de ser extremamente popular. Nesses 24 anos de trajetória, arrancou sorrisos de pessoas de todas as idades e classes sociais. E tamanha comoção pela perda da criatura e criador foi algo pouco visto e digno de grandes nomes da televisão, devido a essa proximidade e intimidade que ele criou com o público.
A química e cumplicidade entre Ana Maria Braga e seu filhote penoso também era mais que evidente. Por isso, assim que a perda de Tom foi anunciada, a preocupação imediata dos telespectadores era com sua matriarca. A resposta veio no dia seguinte, quando Ana fez questão de comandar ao vivo o Mais Você para homenagear seu principal colega de trabalho e dividir a dor de seu luto com o grande público. A força emocional da apresentadora, ainda que em meio às lágrimas e "moída por dentro" - nas palavras dela - inclusive, foi destacada por muitos que assistiram aquela triste, porém histórica, edição do programa.
Ao longo desta semana, Ana Maria Braga vai seguir homenageando o eterno Louro José no Mais Você, que permanece sendo mencionado nos créditos de abertura do matinal. Mas o fenômeno causado em todas as telas e redes sociais pela saudade e o reconhecimento de Tom Veiga mostrou, sobretudo, que a TV, ainda que "setentona" e com "aura de velha", ainda tem peso e relevância na vida das pessoas. Tudo porque o "Tom Louro José Veiga", em sua estrada, fez mais que "dar o pé". Ele doou o seu talento e bom humor para alguém que se tornou presente e marcante na vida de muitos brasileiros, e sem dúvida vai fazer falta nas próximas manhãs da Globo.