Gregório Duvivier contou, em coletiva de imprensa, que, no ano passado, enquanto gravavam 5x Comédia, primeira série original do Amazon Prime Video a estrear, chegou a temer que a obra pudesse ficar datada antes de chegar ao público. Isso porque os episódios têm como tema central a covid-19 e seus efeitos no cotidiano. Seu receio, infelizmente, mostrou-se infundado: os episódios chegam à plataforma de streaming hoje, em meio a um dos piores momentos da pandemia no País.
"O Brasil trabalha para que as pautas continuem quentes, para que a ficção não envelheça. Parece que os governantes querem que a gente não sublime os assuntos. Continuamos neste ano na marmota, vivendo e revivendo (as situações), então continua atual", pontuou Gregório.
Com cinco episódios, a série leva o nome do projeto idealizado por Sylvia Gardenberg em 1995 para o teatro e é adaptada para o audiovisual pela irmã da dramaturga, a cineasta Monique Gardenberg. Tendo como cenário a contemporaneidade e todas as mudanças causadas pela crise sanitária, as histórias abordam temas como relacionamentos amorosos e familiares, desigualdades sociais, trabalho, solidão, tecnologia, entre outros.
No elenco, além de Gregório, estão Rafael Portugal, Gabriel Godoy, Katiuscia Canoro, Martha Nowill, Roberta Rodrigues, Samantha Schmütz, Thati Lopes e Yuri Marçal. Cada ator gravou suas cenas em suas próprias casas, com auxílio de suas famílias (Katiuscia, por exemplo, contracena com o filho, Pepe). O formato funciona e a montagem é dinâmica, refletindo bem as dificuldades de produzir cultura neste momento.
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O roteiro, por vezes, peca por um certo didatismo, ainda que mereça reconhecimento por tentar dar contornos profundos aos personagens. A construção do humor é sutil e se apresenta de forma mais irônica, equilibrando comédia e drama. Os cenários causam um certo desconforto por exporem o ridículo que há no outro ou em nós mesmos.
"Vejo a comédia com uma função corretiva: com graça, muito jeito, coloca um espelho diante da sociedade. E ali está refletido tudo, tanto sua graça quanto sua feiura, seus desatinos. Então, essa foi a minha chave: usar a comédia para a crítica impiedosa", explica Monique Gardenberg.