Com o sucesso estrondoso da estreia do reality show No Limite, da TV Globo, em julho do ano 2000, não demorou muito para a segunda edição vir em seguida. No Limite 2 começou em 28 de janeiro de 2001 e foi exibido aos domingos, após o Fantástico, com apresentação de Zeca Camargo. E esta segunda temporada foi a única das quatro exibidas até agora que trouxe participantes de Pernambuco, com apenas dois integrantes. Entre eles, estava Roberta Mayanah, que na época, com 25 anos, fazia Relações Públicas.
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O Jornal do Commercio conseguiu localizar a participante, que hoje é jornalista de Surf Culture e fotógrafa, e morou na Austrália até 2018. Em No Limite 2, gravado na Chapada dos Guimarães (MG), Roberta entrou no time Araras Vermelhas e foi a segunda eliminada do programa, logo após a saída do recreador recifense Leon Ramos, de 25 anos, do time Lobos Guarás, no programa de estreia. Na conversa, a única mulher pernambucana das quatro edições do reality de sobrevivência, hoje aos 46 anos, conta detalhes de sua seleção, os bastidores da atração, e deixa dicas para os ex-BBB's que vão participar da nova temporada a partir da próxima terça-feira (11), com apresentação de André Marques. Confira.
ENTREVISTA // ROBERTA MAYANAH
JORNAL DO COMMERCIO - Roberta, você participou da segunda temporada do programa. Você tinha assistido à primeira? O que te levou a participar do No Limite?
ROBERTA MAYANAH - Eu tinha assistido a primeira edição e naquela época o No Limite não tinha inscrições como o Big Brother Brasil, pois era outro formato de reality show. Eu estava na praia de Boa Viagem num sábado, quando uma produtora se aproximou de mim e me convidou para um bate papo. No decorrer da conversa, ela me indagou se eu havia assistido a primeira edição de No Limite. Ela também falou que aquela seria a primeira entrevista para uma próxima edição, e que desta vez não seria na praia, mas em outro ambiente. Por fim, falou que eu tinha passado na primeira entrevista e a próxima seria no dia seguinte em um hotel também de Boa Viagem.
JC - Como foi o processo seletivo?
ROBERTA - Foram várias entrevistas! A primeira na praia de Boa Viagem. A segunda, no dia seguinte, num hotel também no mesmo bairro. Mas ali foi uma entrevista gravada. Depois, recebi uma ligação, onde me fizeram várias perguntas! A conversa final que aconteceu num hotel em Copacabana (RJ), onde tinham 24 pessoas para serem escolhidas as 12 do programa. Essa etapa de seleção foi bem complexa, pois tivemos que fazer uma bateria de testes físicos e psicológicos. Por fim, estava em Maracaípe, num dia qualquer, quando recebi uma ligação falando que eu teria passado na última seleção e eu era uma das participantes do No Limite 2! Foi um momento especial para mim, pois havia passado por um acidente de carro, onde fiquei que em coma, com várias dificuldades físicas e mentais, e vi que era uma oportunidade que Deus estava me dando para me testar e ter certeza que outra fase da minha vida iria começar, além de mostrar o quanto é bom e importante estar vivo.
JC - A sua temporada foi gravada no Mato Grosso. Quais foram suas primeiras impressões quando chegou ao local?
ROBERTA - Chegamos de noite no aeroporto, e fomos para o hotel encapuçados! Passamos a noite por lá e no outro dia, também encapuçados, fomos para a Chapada dos Guimarães. Chegamos no local de barco. Zeca Camargo dividiu os dois grupos e daí começou tudo! De cara, já teve uma prova para pegarmos o que levar para o acampamento. Chegando no nosso acampamento, tivermos que organizar tudo para nos instalar. Conhecemos o local que era o banheiro (que era, na verdade, um buraco no chão para as necessidades fisiológicas). Fomos andar ao redor para conhecer o lugar do acampamento, sempre com os câmeras acompanhando e registrando tudo. Logo vimos que seria muito difícil achar algo para comer ali. Pois lá não tinha nada e até as plantas eram venenosas para fazer chá. Em suma, ia ser 'punk-rock-hardcore'! (risos)
JC - Você participou dos dois primeiros episódios do programa. Como era o ritmo de gravação? Os "perrengues" eram mesmo reais?
ROBERTA - Nós tínhamos que fazer tudo! Juntar madeira para fazer fogueira, pois lá era bem frio a noite. Pegar os garrafões de água que davam para nós todos os dias na quantidade necessária para sobrevivência de cada um. Ou seja, até a agua tínhamos que economizar! Percebemos que o tempo lá era muito instável. Por isto, com as capas de chuva que ganhamos, deu para cobrir a rede que cada um também havia ganho. Fazíamos como um berço para dormir na rede e com a capa fechando em cima como se fosse um mosqueteiro, pois tinha muitos insetos lá! Era difícil demais para dormir, mas o pior eram as chuvas de granizo! Elas destruíam tudo que fazíamos no acampamento, além da dor ao queimar a pele. Quando acordávamos de manha, tínhamos que remar até o local da prova (que era bem longe) com um barquinho a remo que nos deram, ou às vezes, andando bastante. Quando chegávamos na prova, completamente exaustos, Zeca explicava como seria a prova e se valeria apenas comida ou prova de vida. Todas as provas eram muito físicas e, no meu grupo, particularmente, a única mulher apta para fazer as provas era eu. Pois as outras duas não eram tão ativas fisicamente e chegavam ao local das provas já muito cansadas. Os três meninos e eu éramos mais fisicamente dispostos. Enquanto estive no grupo, todas as provas que fazíamos éramos vitoriosos, menos a que fui eliminada.
JC - Dentro de sua participação no programa, o que foi mais difícil para você?
ROBERTA - Com certeza, as chuvas de granizo! Era muito punk! Você não faz ideia do que é estar no meio de uma prova difícil, tendo que ganhar para ter o que comer. Quando acabou a prova, eu estava toda vermelha nas costas e braços queimados, pois quando as pedrinhas de gelo batem com força na tua pele, arde e queima demais! É dor de não esquecer nunca mais. O pior foi voltar ao acampamento, mortos de cansados, e estava tudo destruído por causa da chuva de granizo, além de molhado e fazendo frio! Tivemos que procurar madeira seca para fazer fogueira... Um terror!
JC - Você foi a primeira eliminada do time Araras Vermelhas com apenas três votos. Você consegue lembrar o que te levou a esse momento?
ROBERTA - Duas participantes que estavam no meu time na época decidiram votar em um dos caras porque ele era bom de prova e elas tinham medo que ele chegasse até a final. A priori, fui resistente pois, meu instinto jornalístico (que já nascia ali) estava muito inclinado a votar em Leo (que ganhou o programa). Mas um dia antes de irmos para a eliminação, depois que decidimos votar em outra pessoa, as duas tiveram uma grande discussão e ficaram brigadas uma com a outra. E o grupo Araras Vermelhas precisava de mim para continuarmos ganhando. Dito e feito, eu dancei. Na hora da eliminação, eles fazem uma gravação com quem vai sair e ali eu falei que, para mim, aquele jogo foi muito importante para minha vida, pois Deus só queria me lembrar que eu sou uma sobrevivente! Falei também da minha Rainha Mãe, que me ajudou muito a ter forças na época do meu acidente, que quase me tirou a vida. E falei também que tinha votado não em quem eu queria, mas sim porque fui fiel às mulheres.
JC - No Limite está voltando a partir do dia 11 de maio. Que conselho você daria aos atuais competidores?
ROBERTA - Pelo que fiquei sabendo, os componentes são ex-BBB's e isto é um reality show que não tem nada haver com o No Limite. Eu espero que sejam muito fortes de mente, porque este programa não é apenas força física, mas também, de força espiritual. Joguem com o coração, não com malícia. Além de sabedoria pois, os caminhos se abrirão. E pense muito em Deus, que ele está no comando. "Good luck and take care ever!" [Em inglês: "Boa sorte e tome cuidado sempre!"]
JC - Você voltaria a participar do programa caso tivesse uma oportunidade? Porquê?
ROBERTA - Talvez. Pois já tive outro acidente punk depois do No Limite e poderia me testar de novo. Mesmo mais velha e muito mais experiente, este programa será sempre um teste de sobrevivência para mim. Bem que poderia passar os episódios passados pois, eu e muita gente adoraria rever! Eu estou aqui no Brasil de passagem por causa da pandemia. Preciso ficar aqui mais um tempo para organizar as coisas e minha Rainha Mãe está precisando de mim no momento. Mas sei que logo mais tudo vai ficar bem e terei que seguir. Hoje não trabalho só com o Brasil, e sim com o mundo, por amor à Surf Culture. Aloha!