A Bienal Internacional do Livro de Pernambuco anunciou mais uma mudança rumo à ampliação de sua presença em ambiente virtual. Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira (18), coordenação e curadoria do evento deram detalhes de como será sua primeira edição híbrida, com atividades digitais e presenciais, composta por quatro ações distribuídas ao longo do ano. Paulo Freire e Cida Pedrosa, grande vencedora do mais recente Prêmio Jabuti com Solo para Vialejo (Cepe Editora) são os homenageados.
As três primeiras ações desta edição mista são as preparatórias, totalmente virtuais, e foram intituladas e-Bienal. A primeira delas ocorre entre 27 e 29 de maio, a partir das 15h. Entre os temas abordados, a incorporação das culturas afro-brasileiras nas escolas, o papel atual e o futuro das livrarias e debates sobre o pensamento freiriano. Também pautam as conversas tópicos sobre tecnologia, educação, cultura e pensamento decolonial, além de lançamentos e espaço para literatura infantil.
A programação pode ser acessada e acompanhada através dos perfis @bienalpe, nas redes sociais, e, claro, do site www.e-bienal.com, em salas como o Auditório Círculo da Ideias, Plataforma de Lançamentos, Além das Letras e Sala Educação. Produtos e serviços estão disponíveis no mesmo endereço. As outras duas etapas preparatórias virtuais ocuparão os meses de julho e setembro.
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Vale lembrar que a plataforma e-Bienal foi lançada em agosto de 2020, justamente com o objetivo de aproximar o público dos autores e demais membros da cadeira produtiva literária por meio de contínuos eventos virtuais, cursos e venda de livros. Ou seja, como uma ligação permanente com a Bienal PE, sem o hiato de dois anos entre uma tradicional feira e outra.
"Independentemente de pandemia, já vínhamos percebendo que precisávamos inovar no ambiente digital", disse Rogério Robalinho à época. Junto a ele, produzem a Bienal PE Guilherme Robalinho e Sidney Nicéas. A curadoria é do jornalista e crítico literário Schneider Carpeggiani.
MAIS DA PROGRAMAÇÃO
Dentre os destaques da programação estão as atividades do Círculo das Ideias, que terá, por exemplo, a mesa Terreirizando a escola. Nela, Luiz Antônio Simas, professor, historiador e escritor ganhador do Prêmio Jabuti de Não Ficção em 2016; e Luiz Rufino, escritor e pedagogo com pós-doutorado em relações étnicos-raciais conversam a respeito das possibilidades para o ensino da história e da cultura afro-brasileira nos colégios, sob mediação de Schneider Carpeggiani.
Ainda no Círculo das Ideias, o debate Um mundo sem livros e sem livrarias? recebe para um bate-papo o historiador francês Roger Chartier, com mediação de Hugo Coelho, do Instituto Ricardo Brennand (IRB). Chartier é especialista nas práticas de leitura e na história dos livros, com ênfase nas práticas culturais da humanidade.
As lives serão quatro, sendo duas promovidas pela União Brasileira de Escritores (UBE), com inserção no interior do Estado. A primeira delas, realizada de Garanhuns, será Autores e suas obras, com Adelmo Camilo, autor de Cãomalehomem, e Givaldo Calado de Freitas, autor de Minhas Linhas e Linhas das Redes Sociais – Volume I. A segunda, de Caruaru, será Autoras e suas Obras, com Cilene Santos, que assina Branca de Neve e os sete anões – uma releitura em versos; Dilma França, de Minha Fantasia; e Rosalva Alves, autora de Viver é poesia.
Para os lançamentos, livros de poemas como Desaboios, do pernambucano Pedro Américo de Farias, e As flores aqui são duras, da cearense radicada em Minas Gerais Socorro Nunes, ambos da Editora Penalux. Os pequenos ganham Galopinho, o cavalinho que virou unicórnio, escrito a quatro mãos pelo pai Cláudio Bastos e sua filha, Antônia Flora, de cinco anos.
"Não sei dizer exatamente se tem mais pessoas lendo agora, mas, sem dúvida, tem muita gente lendo. Se o século XX foi o século da imagem, o XXI é o da palavra", observou o Schneider Carpeggiani. Perguntado pelo JC sobre o quanto a expansão virtual da Bienal pode colaborar com a formação de jovens leitores, não apenas como consumidores de produtos literários, mas como agentes que compreendam como se dá a cadeia de produção, o crítico afirma acreditar que a formação de públicos mais velhos pode ser mais desafiadora do que a dos jovens. "O compromisso da Bienal é formar leitores, independentemente de qual seja a idade deles", assegura.
A FEIRA
A feira presencial da Bienal PE está programada para acontecer entre 1º e 12 de outubro de 2021, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, seguindo, segundo a organização, todos os protocolos estabelecidos pelo Governo do Estado para a prevenção à disseminação da covid-19.
A Bienal Internacional do Livro de Pernambuco 2021 tem apoio do Instituto Ricardo Brennand, Sesc, União Brasileira de Escritores (UBE), Porto Digital e Instituto Luiz Mário Moutinho.