O curta-metragem Tornar-se Monstra ou Humana?, que marca a estreia da pernambucana Catarina Almanova como diretora, roteirista e idealizadora no audiovisual, parte de processos concretos e estruturais para discutir de forma poética as violências e representações sociais das pessoas trans na sociedade. Com inspiração no surrealismo e na videoarte, a obra foi majoritariamente composta por mulheres trans e travestis em diversas funções da ficha técnica.
Realizado com incentivo do edital Lab PE, com recursos da Lei Aldir Blanc da Secretaria de Cultura de Pernambuco, o trabalho aborda as práticas de desumanização às quais as pessoas trans estão suscetíveis em sociedades patriarcais e LGBTfóbicas. Além de idealizar e dirigir o curta, Catarina também o protagoniza, narrando o trabalho em um ambiente situado em uma zona entre o sonho e o pesadelo.
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O curta foi gravado em Aldeia, no município de Camaragibe, e também conta com Gabi Benedita, Julie Lima, Sophia William e Jarda Araújo no elenco. Os figurinos e maquiagens excêntricos assinados por Oura Aura do Nascimento. A captação, direção de fotografia e edição foi da Caldo de Cana Filmes.
Com o trabalho, Catarina Almanova, estudante de Licenciatura em Teatro na Universidade Federal de Pernambuco, buscou não só jogar luz nesse processo violento, mas também combatê-lo através da reivindicação por espaços e narrativas.
Pela proximidade das artes cênicas, a artista traz ainda referências da dança contemporânea na obra: o Butoh, que trata de questões do surrealismo e do corpo e Sarah Kane, conhecida por suas obras de estilo de narrativa não-linear que surge da emoção e profundidade psicológica.