A história da teledramaturgia brasileira, seguramente, reservará um lugar majestoso a Gilberto Braga, que morreu na noite desta terça-feira (26), aos 75 anos, devido a uma infecção generalizada decorrente de uma perfuração no esôfago. O autor de novelas criou tramas de sucesso — de audiência e crítica — da TV Globo. Entre elas, "Escrava Isaura" (1976); "Dancin' Days" (1978); "Vale Tudo" (1988) e "Celebridade" (2003).
Ele estava internado desde a última sexta-feira (22), no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro, e faria aniversário na próxima segunda-feira, dia 1º de novembro. Era casado com o decorador Edgar Moura Brasil desde 2014, mas moravam juntos havia 41 anos.
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Carreira
Nascido no Rio de Janeiro e formado em Letras, Gilberto Braga iniciou a carreira profissional como professor na Aliança Francesa. Depois, trabalhou como jornalista na função de crítico de teatro e cinema no jornal O Globo. À TV, ele chegou em 1972, assinando uma adaptação de "A Dama das Camélias", de Alexandre Dumas, para episódio do programa "Caso Especial", que era exibido à época pela TV Globo.
A primeira novela escrita por ele foi "Corrida do Ouro", em 1974, em colaboração com Janete Clair e Lauro César Muniz. Apenas dois anos depois, obteve seu primeiro sucesso, com a novela "Escrava Isaura", que teve Lucélia Santos como protagonista. A obra é uma das mais exitosas de público e venda da emissora, tendo sido comercializada para diversos países.
Da escrita de Gilberto Braga surgiram novelas que estão fixadas já há décadas no imaginário do País — do sucesso de "Dancin' Days", que capturou o clima da noite do Rio de Janeiro no final dos anos 1970, à crítica social em "Vale Tudo", considerada por muitos 'a novela das novelas'.
São da autoria dele também "Água Viva" (1980); "Anos Dourados" (1986); "O Dono do Mundo" (1991); "Anos Rebeldes" (1992); e "Paraíso Tropical" (2007), seu último sucesso, conquistado com os personagens icônicos interpretados por Camila Pitanga (Bebel) e Wagner Moura (Olavo).
"Babilônia" — trama que teve a ousadia de formar um casal de mulheres idosas lésbicas interpretadas pelas damas do teatro Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg — foi o último trabalho de Gilberto Braga na TV Globo, em 2015.
Criador de vilões
Gilberto Braga foi um habilidoso criador de vilãos que marcaram a teledramaturgia e estão inscritos na produção cultural brasileira. Entre eles, Leôncio (Rubens de Falco), de "Escrava Isaura" (1976), no início da carreira, e, mais recentemente, Laura (Cláudia Abreu) de "Celebridade". Em "Vale Tudo", no entanto, promoveu um encontro de grandes vilões, com Maria de Fátima (Gloria Pires), Marco Aurélio (Reginaldo Farias) e Odete Roitman (Beatriz Segall), até hoje inesquecível.