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Pesquisa revela que 83% dos entrevistados notam semelhança entre Round 6 e a realidade brasileira

Na opinião dos entrevistados, o enredo foi visto como uma metáfora, entre outros pontos, para a avareza (46,2%); a disputa de classes (46%); o mundo dos negócios (38,3%); a rotina de trabalhar até a morte (37%); desemprego (24%); e a câmara dos deputados (17,9%)

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Vanessa Moura

Publicado em 01/11/2021 às 12:23 | Atualizado em 01/11/2021 às 12:33
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Sobreviver, custe o que custar. É isso que a maioria dos personagens da série coreana Round 6 busca ao decorrer do jogo de vida ou morte. A trama, que relaciona a busca desesperada por dinheiro com a desigualdade social, chamou a atenção de milhares de pessoas ao redor do mundo e caiu nas graças do grande público, tornando-se a série mais assistida da história da Netflix.

A fama da série, por sua vez, inspirou diversas análises e pesquisas. Uma, realizada pela empresa de pesquisa e monitoramento de mercado e consumo Hibou, entrevistou 1096 espectadores brasileiros que assistiram totalmente ou parcialmente Round e revelou que 83% dos entrevistados identificam alguma similaridade da série com a realidade econômica brasileira.

Na opinião dos entrevistados, o enredo foi visto como uma metáfora, entre outros pontos, para a avareza (46,2%); a disputa de classes (46%); o mundo dos negócios (38,3%); a rotina de trabalhar até a morte (37%); desemprego (24%); e a Câmara dos Deputados (17,9%).  

Uma outra semelhança apontada pelos entrevistados foi entre a série e outros programas de entretenimento, já que 51% deles acreditam existir semelhanças entre a ideia de Round 6 e os realitys brasileiros "BBB" e "A Fazenda". Apenas 21% consideram Round 6 semelhante a narrativas como "The Walking Dead".

Tendo em vista o comportamento ético dos personagens da série, 68% dos brasileiros acreditam que as pessoas são capazes de coisas horríveis por dinheiro, e 83,7% acreditam que o dinheiro não deveria protagonizar os comportamentos das pessoas.

Apesar disso, para 73,1%, ninguém é totalmente bom e, em algum momento, fez ou fará algo ruim para alguém. Neste sentido, 3,8% confessaram terem agido para prejudicar a terceiros por dinheiro. Em contrapartida, 91,2% dos brasileiros disseram que nunca fizeram nada para prejudicar alguém.

Durante os nove episódios da série, os jogos infantis são mesclados com a crueldade em que as mortes dos personagens são retratadas. Qualquer sinal de fraqueza - ou até mesmo de bondade - pode resultar em um tiro na testa, ou numa queda livre de vários metros de altura.

Por conta disso, na opinião dos brasileiros, 14% deles se sentiram mal ou tiveram pesadelos após assistir a série. Para 3,4% dos brasileiros alguns incômodos surgiram, e eles pararam de assistir por falta de identificação (40%); por não gostarem do enredo (35%); por acharem a série muito violenta (30%); porque ficaram com o emocional abalado (10%); e outros motivos (15%).

Além destes, foram apontados desconfortos com o comportamento antiético de alguns personagens (49,1%); cenas de morte (26,7%); história do sofrimento dos personagens (26,7%); e brincadeiras infantis se tornando cenários mortais (20,9%).

"Round 6 faz muitas provocações e reflexões relevantes sobre a sociedade. A discrepância social crescente, manipulação, a ausência de ética e a isenção de responsabilidade, são temas recorrentes atualmente. Os brasileiros reconhecem que a ética, em algum momento, pode ser comprometida visando vantagens financeiras. Porém, os espectadores também se identificam, principalmente, ao verem todos estes assuntos dentro de um programa de entretenimento", analisou Ligia Mello, sócia da Hibou e coordenadora da pesquisa.

 

Mesmo com o desvio de caráter de alguns e o excesso de bondade de outros, 90% dos entrevistados afirmaram ter empatia pelos jogadores apesar de todos estarem ali por dinheiro. Dentre todos os entrevistados, 25,3% se arriscariam para ter estabilidade financeira e viver tranquilamente, mas apenas 6,7% de todos eles aceitariam participar de um jogo como Round 6 na vida real, enquanto 81% disseram que não participariam de um game como este.

Em relação ao prêmio do jogo, de cerca de R$ 210 milhões (45 bilhões de Wons), 57,3% dos entrevistados afirmaram que ajudariam instituições de caridade, enquanto 61,2% viajariam pelo mundo, 59,8% quitariam todas as dívidas, 57,6% ajudariam familiares e amigos e 46,4% tornariam-se empreendedores. 

Quem merece ganhar e quem merece morrer?

Os entrevistados também responderam quais personagens, na opinião deles, mereciam ganhar e quais mereciam morrer. Além disso, eles apontaram qual personagem mais se identificavam. 

Em ordem de identificação dos brasileiros com os personagens de Round 6, estão:

• Abdul Ali (Tripathi Anupam), com identificação de 23,6% dos brasilerios. O jovem paquistanês também está no topo dos que merecem o prêmio, sendo indicado por 72,3%.

• O protagonista Seong Gi-Hun (Lee Jung-jae) é o segundo com o qual os brasileiros mais se identificam. 19,1% dos brasileiros se reconhecem nele e o veem como uma boa pessoa (56,3%).

• Embora não esteja no jogo, o policial Hwang Jun-Ho (Wi Ha-Joon), é com quem 18,9% dos brasileiros se identificam.

• A personagem Kang Sae-Byeok (Jung Ho-Yeon) mostra fragilidade, mas é uma grande jogadora tem a identificação de 13% dos brasileiros. 59,2% acreditam que ela deve ganhar o prêmio, ficando à frente do protagonista que ficou com 51,1% das apostas.

Para os brasileiros, os personagens de Round 6 que merecem morrer e são vistos como vilões:

• No topo da lista está o gângster Jang Deok-Su (Heo Sung-tae), que merece morrer para 61,2% e é visto como o vilão da série por 61,9%. Sua postura arrogante fez com que apenas 0,2% dos brasileiros se identificassem com ele.

• O amigo do protagonista, Cho Sang-Woo (Park Hae-soo), tem a identificação de 4,2%. Para 36%, ele merece a morte, além de ser apontado como o vilão por 46,4%.

• Em terceiro lugar está o enigmático personagem Oh Il-Nam (Oh Young-Soo), também chamado de 001. Mesmo sendo o jogador mais idoso do jogo, ele é considerado o vilão da série por 65,6% e 34,9% acreditam que ele mereça morrer. 8,2% o vêem como uma pessoa boa e apenas 4% se identificam com ele.

• A emblemática personagem Han Mi-Nyeo (Kim Joo-ryung) é a que menos tem votos. Ela tem 0,9% da identificação dos brasileiros e 29,5% disseram que ela merece morrer e para 17,1% ela é a vilã da série.

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