Em torno do chambaril, uma família tem se alimentado saciando gerações de recifenses e fluxos de turistas, há 34 anos. A primeira ida ao Seu Luna no Ipsep, Zona Sul do Recife, onde essa história começou, com o casal Antônio e Elizete Luna, é a de uma experiência deslocada da capital — a gente parece entrar numa casa do interior, com cheiros e sabores da cozinha do Agreste e do Sertão. Uma viagem bem temperada guiada pelo olfato e paladar.
Em novembro do ano passado, Claudia Luna, filha do casal, ampliou os cenários da história da família abrindo uma unidade do Seu Luna na Rua da Hora, no Espinheiro, Zona Norte. O local não reproduz o endereço-ponto turístico do Ipsep, mas mantém um visual regional, o tempero e o chambaril, prato com que os Lunas vêm atravessando as décadas.
Claudia Luna assumiu a cozinha do restaurante da família após a morte da mãe, em 2016. Ao seu irmão, Ronaldo Luna, foi confiado cuidar do salão. E assim eles têm continuado a história.
O desembarque na Zona Norte dimensiona as possibilidades do Seu Luna. Primeiro, porque consegue atender a uma população que, no Recife, não transita entre as zonas Norte e Sul. Durante o período de isolamento da pandemia, partiu da ZN a maior quantidade de pedidos por delivery feitos ao restaurante do Ipsep.
Além da questão geográfica, a proposta foi alargada e atualizada — enquanto a matriz, que continua em funcionamento, abre só para almoço, a filial recebe público durante todo o dia, do almoço, passando pelo happy hour e chegando ao jantar, num espaço de 200 m², sendo uma área aberta e outra fechada e com ar-condicionado, para comer chambaril à vontade e sem suar.
Nessa proposta, o chambaril e também os demais clássicos da cozinha da casa (buchada, rabada, galinha guisada, sarapatel, dobradinha...) ganharam como companhia petiscos como bolinho e pastel de chambaril, tripinha e um vinagrete de tutano.
Uma dica é experimentar um menu degustação, que é outra novidade da unidade do Espinheiro. Vai à mesa um pouco de algumas especialidades do Seu Luna. Dos caldinhos passa para o bolinho de chambaril e se chega a pratos como mão de vaca, galinha à cabidela, dobradinha, sarapatel e ele, claro, o chambaril. Termina com sobremesa.
Inventiva — antes de chegar no curso de gastronomia, ela passou pelo de artes plásticas e de moda —, Claudia Luna vem colocando mais ingredientes na cozinha regional da casa. Vai participar, a partir da próxima sexta-feira, dia 20, até 5 de junho, do festival Gosto da Amazônia, com uma moqueca de pirarucu, mas à moda do Seu Luna.