A Galeria Janete Costa, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem recebe, a partir deste sábado (18), das 15h às 21h, novos ventos da produção de arte contemporânea pernambucana, com a primeira exposição realizada pela Propágulo desde a pandemia. A Beleza da Lagoa É Sempre Alguém reúne 11 artistas com obras variadas em técnica e linguagem visual.
A mostra é a concretização de um projeto aprovado pelo Funcultura em 2019, possível de ser feito só agora. Nove artistas foram selecionados através de convocatória: Anti Ribeiro, Bisoro, Clara Simas, Marcela Dias, Marina Soares, Matheusa dos Santos, Nara Gual, Tacio Russo e Tatiana Móes. A eles juntaram-se as artistas convidadas Luana Andrade e Rayellen Alves.
Todos estão no início da trajetória artística e ainda não tiveram exposições individuais de seus trabalhos. Mais de 100 artistas neste ponto da carreira já foram mapeados pela Propágulo, que desde 2017 é um projeto atento a nomes emergentes nas artes, sobretudo pernambucanos, radicados aqui ou com alguma atuação.
Conduzida por Guilherme Moraes, Heitor Moreira e Rod Souza Leão — que, a cada projeto, vão se juntando a artistas e outros realizadores, como curadores, montadores, expografistas e redatores —, a Propágulo se define como "uma revista-espaço voltada para as diferentes formas de se mediar arte" e lança junto com a exposição a edição Nº 8 da publicação, em 1.000 tiragens.
Guilherme Moraes, que é um dos curadores, revela que se trata, na verdade, de uma edição 8.1, constando todo o processo vivido com os artistas na produção das obras que compõem A Beleza da Lagoa É Sempre Alguém. Após a mostra, que segue até 21 de agosto, virá uma edição 8.2, focada na relação do público que a visitou, no impacto das obras.
"Se a gente esquece do público, do outro, que vai contribuir concordado, discordando problematizando, a gente perde força", conta Guilherme, que quer "uma exposição acordada ao que vão dizer dela, ao que vão pensar sobre cada trabalho". "Porque assim a gente vai aprender com a exposição", conclui, afinado com o que move a Propágulo: pesquisar sobre arte e experimentar processos artísticos.
"A Beleza da Lagoa É Sempre Alguém", o outro
O interesse pelo público, que numa exposição é o outro, também se afina com o coração da exposição. O "alguém" do título, A Beleza da Lagoa É Sempre Alguém, tirado do livro "A Desumanização", do escritor português Valter Hugo Mãe, foi usado como mote. "A gente está falando da presença do outro na nossa constituição. Esse outro que atravessa a gente, e que às vezes contribui para a nossa formação. Eu posso me reconhecer a partir de alguém", explica Guilherme Moraes, lembrando que nem sempre é uma relação positiva.
A convocatória aos artistas já apresentava esse mote. As propostas de trabalhos em consonância com o tema valeram para a seleção, embora durante a elaboração das obras muita coisa se transformou. O acompanhamento desse processo é o que está na edição Nº 8.1 da Propágulo.
Os trabalhos são variados — há entre eles pinturas, uma escultura fônica, cuja experiência se dá dentro de uma caixa, e uma performance, de Matheusa dos Santos, artista de Marabá com atuação no Recife, que será apresentada no lançamento e registrada, para os que visitarem depois, os consideráveis outros.