O Marco Zero do Recife, principal polo da capital no Carnaval, deverá ter um dia dedicado ao brega na folia deste ano. A confirmação irá ocorrer com a divulgação da programação na próxima semana, mas uma fonte com acesso aos bastidores dá a noite como certa.
O dia voltado ao brega é um resultado da articulação de artistas e políticos. Por muito tempo nomes do brega pleitearam mais espaço nas grades da Prefeitura durante o Carnaval.
Um esboço de mudança ocorreu em 2020, quando a cantora Priscila Senna foi a atração principal da abertura da festa, levando 400 mil pessoas para a Praça - número tido como recorde pela organização.
A boa recepção parece ter ampliado a vontade do poder público em destacar o ritmo no palco mais simbólico do carnaval recifense. Agora, uma noite deverá ter mais nomes de diferente gerações desse movimento cultural.
O atual modelo do Carnaval do Recife é multicultural. Gaby Amarantos, que representa o brega do Pará, já esteve no Marco Zero de 2014 a 2020, com exceção de 2016.
OLINDA DIVULGA DIA DO BREGA
Nesta quinta-feira (19), a Prefeitura de Olinda divulgou, em coletiva, que terá um dia dedicado ao brega. Será na sexta-feira, 17 de fevereiro, no palco da Praça do Carmo, com shows de Priscila Senna, Raphaela Santos a Favorita, Banda Sentimentos, Dany Miller e Conde Só Brega. As apresentações têm início às 18h.
Olinda ainda divulgou uma programação da quinta-feira, 16 de fevereiro, com Alceu Valenca, Elba Ramalho, família Salustiano e a Orquestra Henrique Dias com Lú Maciel. O restante da programação do carnaval, de fato, ainda será divulgada.
BREGA NAS PROGRAMAÇÕES DO ESTADO
A primeira discussão formal entre essa cena e políticos ocorreu em 2017, com a aprovação da "Lei do Brega" na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). O projeto foi proposto pelo deputado Edilson Silva (então no PSOL) e aprovado por unanimidade em duas rodadas de votação.
Com a lei, o gênero passou a ter espaço garantido nas programações de eventos financiados pelo executivo estadual, ao lado de artistas de outras expressões como o frevo, maracatu, coco, ciranda e cavalo marinho. Até então, esse espaço era negado.
O ritmo também se tornou um Patrimônio Cultural Imaterial do Recife após votação na Câmara do Recife, em 2020. A proposta foi do vereador Marco Aurélio Filho (PTRB).