CINEMA

Feminino Plural, pioneiro em discussões feministas no Brasil, entra gratuitamente no streaming; saiba como assistir

De Vera de Figueiredo, Feminino plural foi realizado durante a ditadura militar e coloca em cena temas da agenda feminista que agitava o Brasil e o mundo nos anos 1970

Cadastrado por

Emannuel Bento

Publicado em 30/03/2023 às 14:58 | Atualizado em 30/03/2023 às 14:59
Feminino Plural, no Itaú Cultural - FRAME

Os filmes "Feminino plural" (1976), de Vera de Figueiredo, e "Waldemar Cordeiro – Fantasia exata" (2021), de Analivia Cordeiro, entram no catálogo da Itaú Cultural Play nesta sexta-feira (31).

A primeira produção é experimental, de vanguarda e pioneira em levantar a agenda feminista no cinema brasileiro. Não é um filme convencional. Os atores são dispostos diante da câmera e dirigidos em suas ações, representando a insatisfação com o Estado e com a condição feminina.

A segunda, reconstrói a trajetória do crítico de artes, fomentador cultural, paisagista e urbanista Waldemar Cordeiro (1925-1973), uma das figuras centrais da arte brasileira do século XX, explorador de diversas correntes artísticas, do concretismo à arte digital.

Vanguardismo

Com o clássico "Feminino plural", Vera sacudiu os ânimos da juventude carioca e as plateias do Festival de Cannes em 1977, quando foi lançado. Alegorias, performances inesperadas e planos incomuns são as marcas do longa-metragem radicalmente autoral.

Feminino Plural, no Itaú Cultural - FRAME

A obra é um trabalho expressionista de quem carregou a difícil missão de fazer arte ainda sob o efeito da ditadura. O filme foi criado e lançado no circuito cultural brasileiro em meio ao processo de abertura política.

No enredo, um grupo de mulheres sai dirigindo motocicletas pela Via Dutra, no Rio de Janeiro, rumo à Baixada Fluminense. Passam por zonas populares da cidade de Belford Roxo até chegar a uma casa no meio do mato, onde se reúnem a outras mulheres e crianças, em uma alegre comunidade. Lá, desfrutam de um banquete regado a feijoada, em clima de ritual e festa.

De acordo com a pesquisa Imagens da Ditadura civil-militar brasileira em Feminino Plural (1970) – filme de Vera de Figueiredo, de Alcilene Cavalcante, doutora em Letras e estudos Literários, pela Universidade Federal de Minas Gerais, dois trabalhos desenvolvidos pela cineasta marcaram a elaboração do longa-metragem. Um deles, é o documentário, curta-metragem, em35 mm, Artesanato do Samba, cujo roteiro é de sua autoria, com produção e direção compartilhada com Zózimo Bulbul, morto e 2013 aos 75 anos. Nesta obra, o destaque é para os temas do samba e a questão étnico-racial.

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O outro se refere ao trabalho realizado em 1975, na companhia de Klaus Viana, quando Vera acompanhou testes com mulheres de mais de 45 anos, sem experiência teatral, para compor o elenco da peça Alzira Power. Na ocasião, ela se deparou com assuntos relativos à opressão das mulheres, que as entrevistadas para a peça relataram vivenciar em decorrência da condição específica de gênero. A partir disso, decidiu produzir Feminino Plural.

Arte na tela

O filme-conceito Waldemar Cordeiro – Fantasia exata faz inventário da obra do pioneiro da arte computacional no Brasil e um dos primeiros a usar esta linguagem internacionalmente. Produzido durante a pandemia de Covid-19, foi idealizado pelo seu neto, Gregoire Cordeiro Belhassen, e dirigido por Analivia Cordeiro, filha do artista.

Com narrativa cronológica, o filme resgata todos os aspectos que permeiam a história de Cordeiro, desde a infância passada na Itália, onde nasceu em 1925. A compreensão da produção artística dele vem entrelaçada a fatos da época, abordada seja pelo aspecto sociológico, histórico ou por meio da trilha sonora, composta exclusivamente para o documentário.

SERVIÇO
Itaú?Cultural?Play
Em?www.itauculturalplay.com.br?
Quando: A partir de 31 de março, sexta-feira

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