Um conjunto de imóveis popularmente conhecido como Chalés do Carmo, no Sítio Histórico de Olinda, foi contemplado no projeto de recuperação de patrimônios culturais do Novo PAC Seleções 2023, divulgado pelo governo federal neste mês.
O projeto da reforma será um passo para a viabilização de um centro cultural que o Clube Carnavalesco Misto Elefante de Olinda pretende fazer no local.
No final de 2022, os imóveis foram cedido ao Clube pelo Governo de Pernambuco. A intenção da agremiação é transformar esse espaço na sede oficial do Elefante, com programação cultural, projetos sociais e educacionais, fomentando a cultura popular.
O chamamento público para projetos de engenharia foi promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a execução será da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).
O conjunto dos Chalés do Carmo é formado por quatro imóveis do final do século 19, quintal principal e quintal secundário, além de mais dois imóveis erguidos no começo do século 20.
Fundarpe
Ao JC, a Fundarpe, do governo estadual, informou que dará início à estruturação do projeto, a fim de permitir a realização das obras necessárias para reabilitação dos edifícios tombados.
"Para tanto, retomará o diálogo com o Clube Carnavalesco Misto Elefante de Olinda, atual cessionário dos bens imóveis, a fim de compatibilizar o projeto com a destinação cultural pactuada com a agremiação", informa.
"O desenvolvimento do projeto contará, ainda, com participação da Secretaria de Administração (SAD) e com a Procuradoria Geral do Estado (PGE), a fim de garantir a viabilidade técnica e segurança jurídica a essa importante conquista para o setor cultural pernambucano."
Projeto do Elefante
Fundado em 1952, o Elefante de Olinda já pleiteou diversos imóveis que estavam sem uso no Sítio Histórico de Olinda para gestões diversas, mas sem sucesso. Agora, a ideia da agremiação é usar as casas como espaços de inclusão social a partir da cultura popular.
Para esse desafio, o Elefante conta com a colaboração de uma empresa de captação de recursos via Lei Rouanet e editais.
"Vai ser um espaço também para outras agremiações, servindo para transmissão de saberes, capacitação e desenvolvimento de mão de obra", disse Bruno Firmino, diretor do Elefante, ao JC em outubro de 2023.
"As casas vão servir para exposições, palestras, salas de aula. Também pensamos em uma loja colaborativa que se relacione com a economia criativa do carnaval, restaurante e recepção de turistas. Seria um espaço para uso durante o ano inteiro"
Chalés têm longa história em Olinda
A restauração dos Chalés do Carmo também será um resgate histórico e arquitetônico para Olinda. Os imóveis foram construídos entre 1893 e 1894, remontando à época em que a cidade era destino da talassoterapia - atividades de banho de mar com finalidade terapêutica, sob orientação médica.
Tal atividade atraiu visitantes de diversas localidades, tornando Olinda uma cidade de veraneio, um balneário popular entre a sociedade.
Em 1902, os proprietários Leonardo de Albuquerque Cavalcanti e Carolina de Albuquerque Cavalcanti venderam o conjunto de chalés para o comerciante português João Fernandes de Almeida para que o mesmo pudesse presentear cada uma de suas quatro filhas - os seus nomes estão grafados em placas metálicas afixadas nos chalés.
Na segunda metade do século 20, os chalés chegaram a abrigar o Fórum de Olinda. Após diversos anos de abandono, estas edificações foram parcialmente recuperadas em 2011 para abrigar o evento de arquitetura CASACOR. Contudo, voltou rapidamente a um estado de degradação.
Mais patrimônios do Novo PAC Seleções
Outros prédios e localidades foram contempladas pelo atual chamamento do Iphan no Novo PAC Seleções.
São eles: as Ruínas da Misericórdia, em Igarassu; Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes; Conjunto dos Chalés do Carmo, em Olinda; Memorial llê do Terreiro Obá Ogunté no Sítio Pai Adão, no Recife; Teatro Santo Isabel, no Recife; e Convento de Santo Antônio, em Sirinhaém.
O Novo PAC é um programa de investimentos coordenado pelo Governo Federal, em parceria com o setor privado, estados, municípios e movimentos sociais. Serão investidos R$ 1,7 trilhão em todos os estados do Brasil, sendo R$ 1,4 trilhão até 2026 e R$ 320,5 bilhões após 2026.