No último domingo (21), o Cinema São Luiz, no Centro do Recife, ganhou cartazes e letreiros de filmes da década de 1970, como "Carrie, A Estranha" (1976), "Tubarão" (1975) e "O Magnífico" (1973). A rua lateral do cinema, a Dr. Sebastião Lins, ganhou letreiros coloridos, típicos do século 20, quando a região central transmitia mais vivacidade. No estacionamento, diversos fuscas das mais variadas cores.
As gravações de "O Agente Secreto", próximo longa-metragem do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, protagonizado pelo ator Wagner Moura, têm despertado um clima de nostalgia, expectativa e curiosidade nas ruas da capital.
Desde a primeira quinzena do mês, a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) tem emitido informes sobre restrições de estacionamento e tráfego para as locações do longa. O filme tem sido descrito como um thriller político ambientando na ditadura militar brasileira, em 1977.
As gravações no Recife estão previstas para durar aproximadamente 10 semanas. Ainda não existe uma data exata para lançamento, mas a previsão é para 2025.
Filmagens também já foram realizadas em locais como a Ponte Duarte Coelho, as ruas da Aurora e do Clube Náutico Capibaribe e a Praça Machado de Assis. Curiosos e fãs do cineasta têm acompanhado as gravações, que ocorrem sobretudo nos finais de semana.
Udo Kier no elenco
Além de Wagner Moura, que retornou de uma campanha internacional para o bem-sucedido "Guerra Civil", o Recife também recebeu o ator alemão Udo Kier, conhecido por trabalhar com cineastas renomados como Lars von Trier, Gus Van Sant e Werner Herzog. Segundo informações obtidas pelo JC, ele viverá um personagem judeu.
Outros atores que estão na cidade para gravações são Gabriel Leone, de "Ferrari" (2023) e "Senna" (2024), e Maria Fernanda Cândido, de "Animais Fantásticos: Os segredos de Dumbledore" (2022).
Enredo
Wagner Moura vive Marcelo, um professor universitário na casa dos 40 anos que sai de São Paulo para o Recife durante a semana de Carnaval, tentando se reunir com seu filho.
Logo, ele descobre que está sendo seguido e espionado pelos vizinhos em seu novo refúgio. Em publicação nas redes sociais, Kleber Mendonça chegou a dizer que o filme trará o seu "melhor roteiro".
"A trama se passa em 1977, mas não é um filme da ditadura: é sobre a lógica do Brasil. É um filme de história que se passa há quase 50 anos. Tinha nove anos na época, o filme vem de lembranças da infância", disse Kleber à Veja.
"Retratos Fantasmas me ajudou a destravar esse filme. Sabe aquele momento que você está meio travado com o roteiro? Esses dois filmes têm uma ligação muito forte, pela imersão no passado. Porque você pesquisei muito, e acessando a biblioteca nacional, que inclusive está no filme, eu vendo jornais antigos".
Este é o primeiro projeto ficcional de Kleber Mendonça Filho desde "Bacurau", de 2019, que levou o prêmio do júri em Cannes. Ele também é diretor dos longas "O Som ao Redor" (2013), com Maeve Jinkings, e "Aquarius" (2016), com Sônia Braga.