José Teles
Publicado em 03/05/2020 às 21:35
Alceu Valença fez neste domingo, a partir das 18h, uma megalive, oficialmente “Alceu Valença | Live Solidária para o projeto Juntos pela Música”, diretamente da sala do seu apartamento no Leblon. O "Mega" pela duração, duas horas e meia de música e histórias. Com toda a liberdade e descontração que o formato permite. Ele começou com uma embolada, manteve um diálogo imaginário com Luiz Gonzaga, mostrando seus dotes de ator e imitador. Mais adiante imitaria Miltinho, Núbia Lafayette, Vicente Celestino. Intercalou canções com histórias da família, alertou para as precauções contra a covid-19.
>> 'Faço tudo ao contrário do que o presidente manda', diz Alceu Valença
Enquanto isso, num chat do Youtube, os milhares de admiradores mandavam beijos, declarações de amor, pediam música. Mas a polarização política marcava presença, com os Fora Bolsonaro”, “Bolsonaro 2022”.
Um show sem ensaio, frisou Alceu no final, já tocando com Paulo Rafael, no mesmo sofá, mas com os dois metros regulamentares de distancia entre eles. Sem ensaio, os dois deram uma roupagem de fado para Sabiá (Zé Dantas/Luiz Gonzaga). Aliás, a empatia e tempo que existe entre Alceu e Paulinho Rafael nem pede ensaios. Os dois pularam de Sabiá para Eu vou fazer você avoar, de 2019, música nova mas já assimilada.
Uma live para se rever. Alceu esteve Inteiramente descontraído, mesmo com um defeito técnico no comecinho, ele se deu à liberdade de cantar músicas que de outra forma dificilmente alguém escutaria em sua voz . Um samba inédito, por exemplo composto nos anos 80, e até então na gaveta, e que emendou com a inusitada chanson Et Maintenant, sucesso do francês Gilberto Becaud, em 1961 (gravada por Frank Sinatra e Elvis Presley).
Coração Bobo, Pelas Ruas Que Andei cantadas como se estivesse num encontro entre amigos, molhando a garganta de vez em quando, com água, Alceu Aproveita, para lembrar que água e sabão e da necessidade de usá-los para lavar as mãos. Ele deixou para o final, os clássicos obrigatórios, La Belle du Jour, Girassol, Taxi Lunar (do trio Alceu, Zé Ramalho Geraldinho Azevedo). No bis, ou encore, como já estão chamando, veio numa interpretação mais suave, de Tomara, uma música que é uma reflexão sobre o país, num domingo, de recrudescimento dos casos de coronavírus, e da crise política. Fechando com a inevitável Morena Tropicana (provavelmente a música mais conhecida do seu repertório, parceria com o baiano Vicente Barreto).
A megalive chegou a 2h30. Até a primeira hora 274 mil pessoas assistiam a live de Alceu. Uma hora depois este numera diminui para 195, no final estava oscilando entre 191,192 mil. Muita gente para um artista que não se apoia na máquina da produção milionária de sertanejos e afins. Quem viu a live foi motivado por uma música e um artista que está no mercado musical há décadas