'Acho que foi um dos line-ups mais difíceis', diz Ana Garcia, no retorno do Coquetel Molotov

Nos próximos dias 13 e 14, o festival No Ar Coquetel Molotov realizará sua 18ª edição, a primeira presencial após o início da pandemia de covid-19
Bruno Vinicius
Publicado em 11/11/2021 às 12:00
Ana Garcia (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem)


Nos próximos dias 13 e 14, o festival No Ar Coquetel Molotov realizará sua 18ª edição, a primeira presencial após o início da pandemia de covid-19. Será também um retorno aos primórdios do evento, já que tomará o palco do Teatro Guararapes, em Olinda, com nomes como Lia de Itamaracá, Mateus Aleluia, Luiz Lins e Marina Sena. O JC conversou com a produtora Ana Garcia, diretora do Molotov, sobre este marco duplo.

Confira a entrevista:

JORNAL DO COMMERCIO - Ana, essa será a primeira edição física do No Ar Coquetel Molotov desde o começo da pandemia. Qual foi o maior desafio nessa retomada do festival?

ANA GARCIA - O maior desafio foi montar o festival, estava vivendo intensamente a morte do meu pai, o Maestro Rafael Garcia, e a minha equipe, Júlia Izidoro, assumindo a direção, decidiu seguir com a ideia de realizar o festival. Tivemos menos de um mês para fazer tudo e o que eu já estava planejando tive que colocar em prática super rápido. De duas noites no Teatro Guararapes, viraram duas semanas intensas com o Festival da Juventude, duas noites no Teatro Guararapes e o Coquetel Molotov Negócios. Acho que o nosso principal desafio continua a falta de incentivo e patrocínio para o setor cultural. E desta vez ainda tem a inflação para dificultar todo o processo mais ainda. As passagens estão absurdamente caras e tudo praticamente duplicou de orçamento.

JC - O No Ar começou em teatro, mas ao longo do tempo se expandiu e foi sendo realizado em espaços ao ar livre. Voltar aos palcos de um teatro foi uma escolha pensada por causa da pandemia ou vocês já tinham um plano de retomar aos velhos tempos?

ANA - Engraçado, a gente sempre brincava que no teatro era a época dos bons tempos… é mais fácil, podemos dizer, produzir em um teatro. Ainda mais quando a programação é mais curta e não temos que montar estruturas. Mas apesar de ter essa sensação, acho que não teríamos voltado para o teatro se não fosse a pandemia… está sendo uma sensação gostosa, ainda mais no Guararapes, que foi onde realizamos uma edição histórica e muito trabalhosa em 2009, com Beirut e Milton Nascimento.

JC - A programação deste ano tem uma diversidade de atrações, que vão do "local" ao "nacional", lembrando a própria estrutura de line-up das últimas edições físicas. Como ela foi pensada e como os nomes foram estruturados?

ANA - Acho que foi um dos line-ups mais difíceis, não sei fazer curadoria para um festival curto! Gosto do Coquetel porque é quando podemos extrapolar e ter mais de 30 atrações por dia. Mas foi um desafio gostoso… acho que queria encerrar um ciclo que foi começar o ano com Lia de Itamaracá, Luiz Lins e Boogarins na Série CQTL MLTV na nossa 17ª edição. Também queríamos trazer dois grandes nomes do momento, Mateus Aleluia que teve o disco mais aclamado em 2020, e Marina Sena que é a artista do momento. Mas também queríamos ter esse foco no local, já que os artistas estão há tanto tempo sem se apresentar fisicamente.

JC - Durante a pandemia, o Coquetel teve algumas edições virtuais, o que deve ter sido desafiador para quem trabalha com a cultura há muitos anos. Qual a principal lição que você traz desse momento e qual característica "mais virtual" vocês trazem para essa primeira edição física?

ANA - Seremos o primeiro festival independente a voltar e ainda voltar em formato híbrido. Ainda não divulgamos, mas o festival será todo transmitido pelo nosso canal do TikTok. Acho que trazer essa característica híbrida, que tanto falamos durante a pandemia, tem sido uma das coisas mais legais nisso. Também teremos uma programação toda digital com o Negócios.

Acho que a principal lição da pandemia foi - você não faz nada sozinha, a importância da nossa rede e comunidade.

JC - Voltando para a segunda pergunta, a experiência dos últimos festivais era um pouco diferente do que está se propondo agora. Acha que o público que estava acostumado com a distribuição de vários palcos, com programações simultâneas, vai sentir uma diferença com esse? Como vocês se prepararam para essa experiência do usuário?

ANA - Com certeza vai sentir uma diferença, é outra proposta! Mas acho que o que vai falar mais alto é - voltamos, vamos assistir a shows incríveis e tudo em segurança. Isso é o que importa agora.

 

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